Autópsias mostram que coronavírus se espalha no corpo todo
Embora a Covid-19 seja uma doença que se inicia pelo trato respiratório, relatos feitos ao longo dos últimos três anos mostram que a doença pode afetar múltiplos órgãos, incluindo os pulmões, coração, rins, fígado e cérebro, bem como os músculos e até Um estudo do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) feito a partir da autópsia de pessoas que morreram pela doença confirma que o coronavírus é capaz de se espalhar por todo o corpo. A descoberta foi publicada na revista Nature em dezembro de 2022. os nervos.
Compreender como o coronavírus se espalha pelo corpo humano e persiste por tanto tempo nos tecidos e fluidos pode ajudar a explicar também a Covid longa. Milhares de pessoas sofrem com sintomas como fadiga, falta de ar e confusão mental meses após a infecção.
“Nossos dados indicam que, em alguns pacientes, o Sars-CoV-2 pode causar infecção sistêmica e persistir no corpo por meses”, afirmam os pesquisadores do NIH no artigo. “Embora a maior carga de Sars-CoV-2 esteja nos tecidos respiratórios, o vírus pode se disseminar por todo o corpo”, escrevem.
Autópsias
O estudo foi feito a partir das autópsias de 44 pessoas não vacinadas que morreram com Covid-19 entre abril de 2020 e março de 2021. A partir das amostras, os pesquisadores conseguiram detectar e quantificar o nível de RNA mensageiro do vírus Sars-CoV-2 em 85 locais e fluidos.
A presença da informação genética é um indicativo de onde o vírus pode ter se replicado enquanto o paciente estava vivo. As amostras mostraram sinais abundantes de replicação viral em 79 dos locais e fluidos corporais analisados.
Os cientistas comprovaram que a replicação do vírus ocorre em vários tecidos respiratórios e não respiratórios, incluindo o cérebro, ainda no início da infecção. Fragmentos do coronavírus foram encontrados na autópsia do cérebro de um dos pacientes 230 dias após o início dos sintomas.
Sistema imunológico
Apesar da carga viral substancial, o cérebro e outros órgãos não mostraram alterações significativas nos tecidos quando comparadas à inflamação e lesão encontradas nas pulmões nas duas semanas após o início dos sintomas.
Nos estágios mais avançados da recuperação da doença, os pulmões dos pacientes estavam menos infectados, já os outros locais não mostravam tanta melhora. Os pesquisadores não sabem o motivo certo deste processo, mas sugerem que o sistema imunológico talvez atue melhor nos pulmões.
Por Metrópoles