23 de novembro de 2024

Sesau participa do V Fórum de Saúde do Trabalhador em Arapiraca

Profissionais da saúde, integrantes da OAB, professores e universitários lotaram o auditório do Planetário de Arapiraca – Foto: Pedro Torres/Ascom

Técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) participaram, nesta quarta-feira (03), do V Fórum de Saúde do Trabalhador, promovido pela Secretaria de Saúde de Arapiraca. Durante o evento, que ocorreu no auditório do Planetário e Casa da Ciência de Arapiraca, foi abordado o tema “Promoção da Saúde do Trabalhador e Garantia de Direitos”.

Organizado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Arapiraca, o V Fórum de Saúde do Trabalhador focou na preocupação com a subnotificação dos casos de acidentes de trabalho. 

Além de técnicos da Sesau e da Secretaria de Saúde de Arapiraca, participaram também técnicos municipais das VII e VIII Regiões de Saúde, integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Arapiraca (OAB/AL), professores e alunos da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

A assistente social e coordenadora do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), Ana Lúcia Alves, apresentou dados referentes aos atendimentos a vítimas de acidentes de trabalho que chegam à maior unidade hospitalar do interior do Estado. 

Entre 2014 e 2024, foram notificados 838 atendimentos a vítimas de acidentes de trabalho, sendo a maioria residente no município de Arapiraca. Ainda conforme o Serviço de Epidemiologia do HEA, do total de vítimas de acidentes de trabalho assistidas pela unidade hospitalar nos últimos 10 anos, 88,4% eram homens. A faixa etária predominante entre as vítimas foi de 20 a 39 anos.

“A gente tem estes dados, mas sabe que a subnotificação existe. Em muitos casos, a vítima chega ao hospital e não informa se o acidente foi no trabalho ou no trajeto. Isso dificulta inclusive a produção de planos de políticas públicas para garantir melhores condições e direitos aos trabalhadores”, explicou Ana Lúcia Alves.

A secretária-executiva de Vigilância em Saúde da Sesau, Thalyne Araújo, também destacou a importância das notificações. Isso porque, segundo ela, em Alagoas não há dados significativos de acidentes de trabalho, porque as pessoas não notificam os casos. 

“Especialmente na categoria de trabalhadores de aplicativos, as vítimas chegam às portas de entrada das unidades de saúde e são notificadas como acidentes de trânsito, quando na verdade deveriam ser registradas como acidentes de trabalho”, refletiu.

Para fortalecer a Política de Saúde do Trabalhador, Thalyne Araújo destacou que é preciso haver a notificação. “Além disso, um ponto importante do fórum foi o debate sobre o combate ao trabalho infantil, uma questão cultural enraizada no nosso Estado”, destacou a secretária secretária-executiva de Vigilância em Saúde da Sesau.

A subnotificação dos casos de acidentes de trânsito dificulta ação de políticas públicas para buscar soluções para prevenção dos casos. Foto: Pedro Torres/Ascom 

Evento

O procurador do trabalho, Luiz Felipe dos Anjos de Melo Costa, proferiu palestra sobre “ O Trabalho Infantil em Alagoas. Seguindo a programação, a assistente social e coordenadora do Serviço de Epidemiologia do HEA, Ana Lúcia Alves Lima, participou de uma mesa redonda sobre “A Dinâmica do Trabalho Contemporâneo e seus Impactos na Saúde do Trabalhador” e também proferiu palestra sobre o Panorama dos Acidentes de Trabalho em Arapiraca e Região. 

Também participaram da mesa redonda, o professor-doutor Diego de Oliveira Souza, que falou sobre “Uberização do Trabalho: alguns aspectos do trabalho e da saúde dos entregadores de aplicativo em Arapiraca”, e o advogado e representante da OAB/AL, David Adam Meneses Teixeira, que explanou sobre “Repercussões Jurídicas dos Acidentes de trabalho em Alagoas”.

“Este fórum faz parte da nossa programação anual de saúde do Cerest. Este ano a temática é a promoção da saúde do trabalhador e da trabalhadora e garantia de direitos. Abordamos temas contemporâneos como a uberização do pessoal que trabalha por entrega de aplicativo e o trabalho infantil, além dos aspectos jurídicos e o panorama dos acidentes de trabalho. 

Diversificados temas que estão alinhados entre si para atender a demanda de um público-alvo bem amplo. Recebemos profissionais da 7ª e 8ª região, com representantes de 24 municípios, além de membros da OAB, Ministério Público do Trabalho, trabalhadores da saúde, conselhos de saúde, alunos e professores de universidades como a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além de técnicos da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito”, explicou a assistente social Wagda Costa, coordenadora da Saúde do Trabalhador e gerente do Cerest.

Importância

“Sempre é importante debater a saúde e segurança do trabalhador, considerando os inúmeros acidentes de trabalho e doenças ocupacionais que ocorrem no nosso país, especialmente no nosso estado. Essa prevenção e conscientização da população e dos órgãos que trabalham na estrutura de proteção do trabalhador são fundamentais.”, disse o procurador do Trabalho, Luiz Felipe dos Anjos de Melo Costa.

“Estamos neste evento ampliando o olhar das políticas públicas de saúde do trabalhador, promovendo conscientização e reflexão sobre as diversas formas de trabalho em nosso Estado. É importante trazer esses assuntos para as 7ª e 8ª regiões, envolvendo profissionais que poderão multiplicar essas informações em seus municípios”, analisou Elisabete Macedo, psicóloga e técnica na pasta de saúde do trabalhador do Estado.

O superintendente de Vigilância em Saúde de Arapiraca, Evandro Melo, reforçou a importância de eventos como este para a construção de políticas públicas: 

“É muito importante fomentar esse espaço de discussão para trazer à tona temas como trabalho infantil, acidentes de trabalho e as novas plataformas de trabalho, como a uberização dos motociclistas. O mercado tende a culpabilizar o trabalhador pelo desarranjo econômico, e esses espaços nos ajudam a buscar caminhos para um trabalho digno e humanizado”, afirmou.

“Os trabalhadores da saúde, do SUS, normalmente, naturalmente, por conta das suas atribuições, eles cuidam do outro, e muitas vezes, negligenciam a própria saúde. E a gente mesmo, enquanto serviço, gestão, acaba muitas vezes focando no todo, na população como um todo, e esquece que os trabalhadores também precisam de cuidados. Eles também adoecem, eles também precisam ir ao médico e precisam prevenir e promover saúde. Esses eventos permitem que a gente possa, através da identificação das necessidades dos trabalhadores, garantir os seus direitos e que você tenha uma saúde efetiva. Até porque a gente precisa que esses trabalhadores estejam bem para que eles cuidem dos outros”, frisou a secretária de Saúde de Arapiraca, Rafaella Albuquerque.

por Assessoria