24 de novembro de 2024

‘Ele foi frio’, diz delegado sobre depoimento de aluno que atacou escola

Aluno autor de ataque foi transferido da 34ª Delegacia de Polícia Civil para a Fundação Casa nesta segunda, 27 - Foto: Suamy Beydoun/AGIF via Reuters Connect

Ele foi frio, não demonstrou muita emoção e admitiu, confessou [o ataque], na presença da advogada, na presença dos pais”, afirmou o delegado Marcos Vinicius Reis sobre o depoimento do estudante de 13 anos que matou uma professora a facadas e feriu outras quatro pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, durante ataque a instituição na última segunda-feira, 27.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o delegado do 34º Distrito Policial, responsável pela investigação do caso, afirmou também que a motivação do crime ainda é investigada.

De acordo com a autoridade policial, para determinar o que motivou o aluno a cometer o ataque, a polícia irá tentar obter mais informações sobre as brigas que foram relatadas, analisar o bilhete que o adolescente deixou em casa e também as postagens que ele fazia em suas redes sociais.

Polícia isolou área de escola onde ataque aconteceu na manhã desta segunda-feira, 27

Polícia isolou área de escola onde ataque aconteceu na manhã desta segunda-feira, 27
Foto: DANIEL TEIXEIRA / ESTADAO / Estadão

“Ele [autor do ataque] passou todas as informações de forma pormenorizada, ele admitiu os fatos. E as imagens são fortes”, disse o delegado. “Esperamos que ele permaneça apreendido. Foi um procedimento com bastante lisura e trabalhoso. É um caso que envolve menores e uma vida”, acrescentou ele em entrevista à Folha.

O adolescente de 13 anos foi transferido do no início da noite de segunda para o IML (Instituto Médico Legal) para realização do exame de corpo de delito. Após o procedimento, ele foi levado para a Vara da Infância e Juventude, onde será avaliado por um juiz que determinará se o menor irá cumprir medida socioeducativa em regime de internação.

O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê pena máxima de até três anos para atos infracionais cometidos por adolescentes.

Polícia já havia sido alertada de comportamento agressivo

O adolescente de 13 anos que atacou a escola já apresentava “comportamento suspeito nas redes sociais” antes do crime. Em fevereiro, uma funcionária de outra unidade educacional, em Taboão da Serra, havia feito um boletim de ocorrência denunciando a situação.

De acordo com o jornal O Globo, à época em que ocorreu a notificação à Polícia Civil, em 28 de fevereiro deste ano, o menino estudava na Escola Estadual José Roberto Pacheco. Pouco tempo depois, ele foi transferido para o colégio onde fez o ataque à faca.

O caso foi registrado no 1° Distrito Policial de Taboão da Serra. A funcionária da escola relatou às autoridades que o estudante publicou “vídeos comprometedores”, “portando arma de fogo” e “simulando ataques violentos”.

Professora teve que imobilizar aluno para salvar uma das vítimas de ataque em escola

Professora teve que imobilizar aluno para salvar uma das vítimas de ataque em escola
Foto: Reprodução

Além disso, ele teria encaminhado “mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp”, e que alguns pais estavam se sentindo “acuados e amedrontados” com tais mensagens e fotos. Diante da denúncia, foi determinada a intimação dos pais do aluno e o prazo de seis dias para que as investigações fossem realizadas.

Já em 15 de março, o adolescente foi transferido para a escola Thomazia Montoro, onde ocorreu o ataque. Na semana passada, o jovem se envolveu em uma briga, que teria começado após proferir xingamentos racistas a um colega. Ele o chamou de “macaco” e “ratinho”.

A confusão foi apartada pela professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, a primeira a ser atingida pelo aluno. Ela não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. Pouco antes de ir para a escola, ele anunciou nas redes sociais que iria realizar o ataque. Em um dos tweets, ele afirma ter aguardado por esse momento a “vida inteira”, e que esperava matar ao menos uma pessoa.

Elisabete Tenreiro tinha 71 anos e não resistiu após ser atacada com faca por aluno dentro de escola em SP

Elisabete Tenreiro tinha 71 anos e não resistiu após ser atacada com faca por aluno dentro de escola em SP
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por Terra