Com homenagens ao Nordeste, Carnaval de SP tem confronto de favoritas
Caixa, repinique, tamborim e sanfona. Acordes dignos de um baile de forró dão o tom aos sambas-enredo de duas das agremiações que se apresentam na noite deste sábado (18) e madrugada de domingo (19), no segundo dia de desfiles do Grupo Especial das escolas de samba de São Paulo.
O fole sanfoneiro literalmente puxa no samba assinado por Edinho Gomes e Gilson Bernini para a atual campeã do Carnaval paulistano, a Mancha Verde, que neste ano homenageia o sertão pernambucano, o xaxado e as aventuras de Lampião.
A escola da torcida organizada do Palmeiras promete grandiosidade. Segundo a SPTuris, órgão da prefeitura que administra o sambódromo, a Mancha Verde deve entrar na avenida com 2.500 componentes (em 12 alas), o maior número entre todas as agremiações que desfilam nesta segunda noite.
Em outra homenagem nordestina, a Dragões da Real também tem timbre de sanfona na abertura de seu samba-enredo, que homenageia João Pessoa, a capital da Paraíba e “porta do Sol das Américas”.
A escola da torcida organizada do São Paulo fecha a segunda noite no Anhembi, aberta pela Estrela do Terceiro Milênio, que irá homenagear humoristas.
Mas é o miolo do desfile que irá reunir, em sequência, três das quatro agremiações que empataram no primeiro lugar no ano passado —a Mancha Verde foi declarada campeã em critério de desempate.
A atual vencedora do Carnaval entra na avenida à 0h40. Na sequência desfilam Império de Casa Verde (1h45) e Mocidade Alegre (2h50). As três e a Tom Maior alcançaram 269,9 pontos em 2022.
“Se não viermos tão bem quanto a Mancha e não deixarmos a pista quente para a Mocidade, não ganhamos o título”, afirma Rogério Figueira, o Tiguês, diretor de Carnaval da Império de Casa Verde, que aposta no samba-enredo da escola embalado por tambores afros.
“O canto forte do componente vai fazer muita diferença, o nosso samba está sendo aclamado”, afirma Tiguês, que cita também como destaques a coreografia na avenida e a tecnologia dos quatro carros alegóricos equipados com painéis de led.
Uma peça que compõe uma coroa da última alegoria da Império, porém, foi atingida por um raio durante temporal da última quarta (15), segundo a escola, e desde então a agremiação corre contra o tempo para reparar a escultura.
Para o carnavalesco João Silveira, estreante na Mocidade Alegre —ele estava na Dragões da Real em 2022—, um dos trunfos da escola para este ano é o fato de, finalmente, ter estreado seu barracão na Fábrica do Samba, depois de sete anos de inauguração de parte do local na Barra Funda, zona oeste da capital.
“Agora há uma condição de igualdade técnica construtiva, está todo mundo equiparado”, afirma.
Com o tema Yasuke, o primeiro samurai africano do Japão, a Mocidade espera não só contar a história milenar e homenagear culturas tão distintas, como a negra e a oriental, mas também enaltecer a luta diária de jovens de comunidades pobres para vencer desigualdades.
“Esse personagem venceu inúmeras adversidades para se transformar em um grande guerreiro, por isso, pode ser um símbolo para a garotada da periferia”, afirma Silveira, que se diz bastante animado com a preparação da escola, dona de dez títulos no Carnaval paulistano.
A noite ainda terá uma homenagem ao sambista Bezerra da Silva. A letra que será cantada pelos 1.800 componentes da Acadêmicos do Tucuruvi cita samba de malandro contra a fome e a opressão.
Também desfila a Águia de Ouro, com o tema “Um pedaço do céu”, que fala de sonhos, superação e esperança.
SERVIÇO – VEJA ORDEM DOS DESFILES DO GRUPO ESPECIAL DE SP
Sambódromo do Anhembi
Av. Olavo Fontoura, 1.209, Santana, zona norte de São Paulo
Sábado (18)
22h30 – Estrela do Terceiro Milênio
23h35 – Acadêmicos do Tucuruvi
00h40 – Mancha Verde
01h45 – Império de Casa Verde
02h50 – Mocidade Alegre
03h55 – Águia de Ouro
05h00 – Dragões da Real
Folha de São Paulo