Câmara de Rio Largo revoga reconhecimento das cartas de renúncia do prefeito e do vice

POR REDAÇÃO
A crise política em Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió, teve um importante desfecho na manhã de quinta-feira (12), quando a Câmara Municipal revogou, por maioria simples, o ato de 31 de março que reconhecia as supostas cartas de renúncia do prefeito Carlos Gonçalves (PP) e do vice-prefeito Peterson Henrique. Com a revogação, os dois permanecem oficialmente nos cargos.
As cartas contestadas já haviam sido anuladas em 1º de abril pelo juiz Guilherme Bubolz Bohm, da 1ª Vara de Rio Largo. Na decisão, o magistrado apontou indícios de falsidade ideológica e classificou os documentos como simplórios, contendo apenas três linhas, sem timbre ou reconhecimento de firma.
O caso começou em 31 de março, quando o presidente da Câmara, Rogério Silva (PP), leu em sessão extraordinária as cartas de renúncia assinadas pelo prefeito e vice, que alegavam motivos particulares para deixar os cargos. Na mesma data, Carlos Gonçalves negou a renúncia, denunciou uma tentativa de golpe, afirmou que as assinaturas eram falsas e comunicou que acionaria o Judiciário e o Ministério Público.
A Polícia Civil de Alagoas abriu investigação para apurar a falsidade dos documentos. Uma comissão formada pelos delegados Igor Diego e José Carlos realizou diligências, com apoio do Ministério Público Estadual. Também houve bloqueio das contas da prefeitura pela Caixa Econômica Federal, conforme informou o Executivo.
Politicamente, o episódio aprofundou o racha entre Carlos Gonçalves e o ex-prefeito Gilberto Gonçalves (GG), antigo líder do PP em Alagoas. A tensão aumentou após o afastamento do ex-prefeito do cargo de secretário especial de Governo e a aproximação do prefeito com o senador Renan Calheiros (MDB), adversário do grupo liderado por Arthur Lira (PP). Carlos Gonçalves foi eleito em 2024 com cerca de 63% dos votos, tendo contado com o apoio de Gilberto Gonçalves na campanha.