23 de abril de 2025

Camarão cultivado em água salobra gera lucro à agricultura familiar

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Agricultora Rejane Madalena e sua irmã recebem assistência técnica para a atividade e hoje obtêm lucro – Foto: Sebrae Alagoas

A produção de camarão marinho em água salobra, em regiões afastadas do litoral, está transformando a vida de dezenas de agricultores e agricultoras familiares no Agreste de Alagoas. Longe do mar, os camponeses lucram com a atividade, utilizando as águas do Rio Coruripe/Poção, que atravessa os municípios de Arapiraca, Coité do Noia e Taquarana, até desembocar no Litoral Sul do estado.

É o caso da produtora rural Rejane Madalena de Alcântara, que investiu no negócio com os oito irmãos. Eles transformaram a antiga fazenda do pai em um polo de produção de camarão. Rejane conta que iniciou a produção no ano de 2018, quando um dos irmãos, professor da rede pública, ouviu sobre os resultados da carcinicultura na região.

O agricultor investiu parte do salário nos primeiros viveiros. O sucesso inicial motivou os demais irmãos, que construíram 29 tanques no terreno da família.

Hoje, cada irmão administra seu próprio açude. Além disso, os sobrinhos também participam do processo, formando uma rede intergeracional de trabalho. Todos integram a Associação dos Criadores de Camarão de Alagoas.

“Já conseguimos pagar nosso irmão e ainda temos lucro”, comemora Rejane. Ela usa os R$ 3 mil mensais da produção para custear as despesas da casa e o tratamento do filho autista. “Começamos com dificuldade, mas com apoio técnico e esforço, aumentamos a produtividade”, acrescenta.

Com apoio da FAO, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e do Sebrae, pequenos produtores do Agreste alagoano recebem assistência técnica, além de formações sobre associativismo e cooperativismo.

O camarão cinza é cultivado em ciclos de 90 dias com intervalo de 15 dias para desinfecção dos tanques e repovoamento.

Nos próximos meses, extensionistas da FAO, MPA e Sebrae visitarão regularmente os produtores. O objetivo é aprimorar ainda mais a produção de camarão com base em dados concretos. Ou seja, com auxílio de uma plataforma digital, técnicos vão monitorar as condições da água, tamanho das safras e práticas de manejo. Portanto, com essas informações, cada aquicultor receberá um Plano de Ação personalizado.

A expectativa é tornar a produção mais eficiente, reduzir custos e ampliar a renda das famílias do Agreste alagoano. A aquicultura em água salobra surge como uma nova rota de desenvolvimento no Semiárido.

Arapiraca tem produção recorde

Desde 2021 que a Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural, incentiva e apoia a carcinicultura, oferecendo os serviços de assistência técnica, com orientação sobre as boas práticas de manejo e medidas de biossegurança, com o propósito de sustentabilidade da exploração, permitindo que os produtores de camarão melhorem o desempenho produtivo.

A produção do camarão marinho em Arapiraca também conta com o apoio do Sebrae/AL, Banco do Nordeste (BNB), Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e empresas locais.

O cultivo vem crescendo a cada ano. Em 2023 foram produzidas 330 toneladas de camarão em uma área de 8,7 hectares de viveiros. A produção rendeu R$ 6,7 milhões para os criadores.

Ano passado, a produção chegou a 402 toneladas de camarão. Para este ano de 2025, a expectativa é de aumento de 12% no cultivo do animal em cativeiro.

O município tem o maior rendimento do Brasil, com uma produção de 11.886 quilos de camarão por hectare. No ano passado, Arapiraca produziu 402 toneladas de camarão em 18 hectares de área de produção, o que é considerado pelo setor como um recorde nacional. Além de Arapiraca, a área produtora está concentrada nos municípios agrestinos de Coité do Noia, Limoeiro de Anadia, Igaci, Taquarana e Junqueiro.

Por Davi Salsa / Sucursal Arapiraca