Nada arretado: forrozão bancado com dinheiro público põe em xeque independência da OAB/AL
Foto: Assessoria
O prefeito de Maceió, JHC (PL), destinou R$ 280 mil para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Alagoas, realizar uma festa junina no último fim de semana, em sua sede, no bairro de Jacarecica.
O ato administrativo foi publicado no Diário Oficial do Município, provocando insatisfação generalizada entre as entidades culturais de Maceió e de Alagoas. A festa dos advogados, patrocinada pelos cofres públicos, pagou cachês vultosos aos artistas contratados pela OAB-AL. O público estimado foi de cerca de cinco mil pessoas, que foram assistir aos shows dos cantores Dorgival Dantas, Millane Hora e Walkyria Santos.
O senador Rodrigo Cunha (Republicanos) desagradou um grupo de advogados que discorda dos vínculos político-partidários estabelecidos entre o senador, o prefeito João Henrique Caldas e a OAB. Para esses advogados, a festa junina representa a subordinação da instituição a um grupo político. Os elogios feitos pelos dirigentes ao prefeito JHC e ao senador Cunha são vistos como um dos fatores da perda da independência da OAB, e para muitos advogados, esses atos têm um significado evidente de “campanha eleitoral antecipada”.
Quem te viu e quem te vê
A OAB já foi a mais importante instituição da sociedade civil alagoana na defesa da democracia, dos direitos humanos, contra a violência e a corrupção. É perceptível que esta entidade tenha, nos últimos anos, sumido do cenário social de Alagoas.
É importante ressaltar a atuação de jovens advogados que doam tempo e se dedicam à defesa dos direitos humanos. No entanto, a sociedade não reconhece o mesmo empenho da direção da OAB que, trancada em gabinetes luxuosos, realiza acordos que põem em xeque a história da instituição. A relação de subordinação de interesses com o poder público é um dos desvios de conduta da diretoria.
A OAB é a instituição mais rica de Alagoas e tem uma sede luxuosa que contrasta com a realidade da maioria dos advogados, que não são mais os profissionais liberais que foram no passado. Hoje, estão proletarizados e vivem com dificuldades de toda natureza. A relação estabelecida nos bastidores entre os seus dirigentes e os políticos mencionados faz parte da ostentação de uma nova classe que vem se constituindo na entidade.
Prestação de contas
É um imperativo moral e ético que a OAB-AL realize a devida prestação de contas públicas, onde o princípio da transparência, tão exigido pelos profissionais do direito de outras entidades e órgãos públicos, seja cumprido. A ressaca da festa realizada com dinheiro público não pode ser acompanhada da falta de transparência da instituição com a sociedade alagoana.
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