23 de novembro de 2024

60 anos do Golpe Militar: Vice-governador Ronaldo Lessa relembra período em que foi preso

O Golpe Militar de 1964 ainda deixa feridas marcadas para quem viveu os 21 anos de chumbo no país. Entre eles, o vice-governador Ronaldo Lessa, que chegou a ser preso durante o ano de 1969. 

Em um vídeo, Ronaldo Lessa destaca a dualidade da data este ano cair num domingo de Páscoa. “Esse 31 de março apresenta para nós dois momentos muito distintos. Foram 60 anos do dia 31 de março de 1964 onde esse país entrou num regime de ditadura, foram 21 anos de de prisões, opressões, exílios e mortes, de ódio. E 31 de março a gente comemorou a ressurreição de Jesus Cristo, daquele que veio para pregar o amor  e aquilo que todos nós deveríamos fazer, nós como um todo”. 

A defesa da democracia permaneceu mesmo após ser vítima da repressão na vida do ex-governador. A prisão aconteceu em 12 de abril de 1696, Ronaldo era um jovem líder estudantil, sem filiação política, mas considerado perigoso pelos militares por denunciar os crimes bárbaros do regime. Os detalhes da época foram contados durante um depoimento dado à Comissão da Verdade e Justiça Jayme Miranda, em 2014.

“Fui preso no dia 12 de abril de 1969 em frente ao Colégio Imaculada Conceição. Levaram-me para o DOPS, no centro de Maceió. Um amigo que me acompanhava ficou esperando na porta. Horas depois tentou saber notícias minhas e foi informado de que eu nunca estivera ali. Durante dias fiquei incomunicável, sofrendo tortura psicológica. O tempo todo diziam que iam me matar caso não desse informações sobre as pessoas que estavam se opondo ao regime. Resisti. Fui liberado semanas depois, mas respondi a processo e acabei absolvido, em julgamento ocorrido no IV Exército, em Recife. Mendes de Barros foi meu advogado”, contou. 

Em documento confidencial do Serviço Nacional de Informação, o nome de Ronaldo Lessa aparece em uma relação de estudantes presos. O último nome da lista, Ronaldo foi solto no dia 09 de maio de 1969, por decisão da auditoria, segundo o documento. 

Fonte: Jornal do Interior/ Lysanne Ferro