22 de novembro de 2024

Em Alagoas, 44 gestores deixam comando das prefeituras ao fim de 2024

Campanhas eleitorais para prefeito e vereador vão tomar as ruas este ano nos municípios alagoanos, e gestores que não podem ser candidatos viabilizam novos nomes – Foto: Edilson Omena / Arquivo

Com limite legal de concorrer à reeleição apenas uma vez consecutiva, grande parte dos prefeitos em mandato atualmente em municípios alagoanos já tem data marcada para desocupar a cadeira. Dos 102 municípios, 44 terão novos nomes independentemente do resultado das eleições, pois seus gestores estão impedidos de concorrer.

Estamos falando das cidades de Água Branca, Anadia, Belém, Cacimbinhas, Campestre, Canapi, Capela, Carneiros, Colônia Leopoldina, Coqueiro Seco, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Feliz Deserto, Flexeiras, Girau do Ponciano, Igreja Nova, Jacaré dos Homens, Jacuípe, Joaquim Gomes, Lagoa da Canoa, Maragogi, Maravilha, Marechal Deodoro, Mata Grande, Monteirópolis, Murici, Olho D’Água do Casado, Palmeira dos Índios, Piaçabuçu, Pilar, Porto de Pedras, Porto Real do Colégio, Quebrangulo, Rio Largo, Roteiro, Santa Luzia do Norte, Santana do Ipanema, Santana do Mundaú, São Luís Do Quitunde, São Sebastiao, Senador Rui Palmeira, Tanque D’Arca, União Dos Palmares.

Nesta lista, o partido mais expressivo é o MDB, com 23 filiados em fim de mandato. Em segundo lugar fica o Progressistas (PP), com 12 nomes que não vão para as urnas. Também aparecem PTB e PSC, ambos com 2, e PT, Republicanos e PSB, todos com apenas uma prefeitura.

Como já vem sendo ventilado por especialistas, os resultados das eleições desse ano devem ter impacto direto na disputa pelo governo em 2026. O MDB, um dos protagonistas no cenário político local, que vem trabalhando nos últimos anos para se fortalecer no campo municipalista, encontra o desafio de não apenas reeleger os nomes que estão em primeiro mandato, mas também fazer 23 sucessores para não correr o risco de diminuir de tamanho ao invés de ampliar.

É normal que nesse momento muitos já estejam com planos traçados. Há até uma certa tradição de lançar nomes de familiares ou aliados para dar continuidade ao trabalho, ou até mesmo para continuar gerindo, mesmo que indiretamente.

Sérgio Lira (PP), de Maragogi, já está construindo o sucessor. “O grupo político que eu comando, depois de várias reuniões e inúmeras pesquisas, fechou uma chapa. Tínhamos vários candidatos todos que fazem parte da administração, e entre esses candidatos a gente tirou o vereador mais votado, o Daniel [Dani da Elba] e o nosso chefe de gabinete, o Ênio Cavalcante (PP). Então a gente já tem candidato a prefeito e a vice, jogamos o nome na rua e o impacto foi positivo. As pesquisas nos dão certa vantagem atualmente”.

O progressista fala em encerrar a carreira, mas garante que não sai da política. “Não vou deixar a política, não se deixa política. Mas eu não ofereço mais o meu nome para nada, nem disputa eleitoral no legislativo nem no executivo. Nem como forma de contribuir assumindo qualquer atribuição delegada com órgãos públicos, possibilidade zero”.

A ideia é sair no momento bom, depois de ter enfrentado crises que afetaram o município. “Tenho 67 anos de idade, entrego com 68. Estou saindo muito bem, aprovado. Depois de quatro mandatos tenho 80% de aprovação do mercado. Não vou querer mais, não tenho tempo também de me expor. Deus me livre de pegar aí uma situação política que comprometa o município, a gente já passou pelo que passou óleo, pandemia, queda de receita… já fui muito testado, está bom”, finalizou o gestor.

Em Maragogi, a disputa promete ser acirrada. O ex-prefeito Marcos Madeira (MDB), já lançou o seu nome como pré-candidato e também se articula com um grupo para enfrentar nas urnas a campanha que será liderada por Sergio Lira.

CAMPANHA COM RECURSOS

Para as campanhas eleitorais deste ano, os partidos que estão com nomes na disputa das eleições municipais contarão com um reforço gigante de recursos em caixa. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha, conhecido como fundo eleitoral, será de R$ 4,9 bilhões nas eleições municipais de 2024 — um recorde histórico de dinheiro público nesse tipo de eleição.

O montante é o mesmo do pleito de 2022, que era uma eleição nacional (presidente da República, deputados, senadores e governadores) e 145% maior que o da eleição municipal anterior, de 2020, quando chegou a R$ 2 bilhões. A maior parte dos recursos do fundo eleitoral é distribuída entre os partidos conforme o número de representantes na Câmara de acordo com a última eleição legislativa– sendo assim, o PL e a federação PT-PCdoB-PV terão a maior fatia, já que elegeram 99 e 80 deputados em 2022, respectivamente.

Esses também são os partidos com as maiores pretensões eleitorais para 2024. Pelo menos 2% da verba é repartida igualmente entre todas as legendas, 35% entre agremiações que contam com pelo menos um deputado federal (seguindo a proporção de votos que cada partido recebeu em 2022), 48% entre as agremiações com representação na Câmara dos Deputados (conforme a proporção das respectivas bancadas), e 15% proporcionalmente à representação dos partidos no Senado.

QUANDO

No dia 6 de outubro de 2024 brasileiros que moram nos 5.570 municípios do país vão às urnas escolher novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

As eleições municipais terão novidades. Entre elas, o uso de um novo modelo de urnas eletrônicas — a UE2022. Em relação à legislação, serão aplicadas pela primeira vez, em eleições municipais, as novas normas que tratam da violência política contra a mulher, a divulgação de notícias falsas na campanha eleitoral e a divisão de recursos de campanha para candidaturas femininas.

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora / Tribuna Independente com Agências e TSE