Ameaças e ataques a escolas abre debate sobre segurança e educação em Alagoas
Para psicóloga diálogo é indispensável para criar ambiente escolar seguro
O que antes era só visto em filmes e notícias internacionais, tem se tornado recorrente no Brasil no último ano. Os ataques e ameaças a escolas brasileiras têm preocupado a sociedade e levantado debates sobre segurança escolar, saúde mental e modelo educacional. Em Alagoas, seis municípios registraram ameaças de ataques em redes sociais em um período de um mês.
No Brasil, entre 2022 e 2023, o número de casos registrados já ultrapassa o total registrado nos últimos 20 anos, de acordo com pesquisas. O Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP (Universidade de São Paulo) realizou um levantamento que apontou 22 ataques a escolas entre outubro 2002 e março de 2023, mais precisamente; 11 desses casos apenas em 2022 e 2023
Os últimos casos, na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo; na Creche Cantinho Bom Pastor, cidade catarinense de Blumenau, chocaram todo o país com as vítimas fatais e desde então diversas ameaças de ataques começaram a ser divulgadas por todo país.
É nessa onda que novas ameaças têm surgido. O município de Pilar registrou no último dia 10 ameaças nas redes sociais. Na postagem, locais e datas foram divulgados. O primeiro deles seria realizado no Caic Professor Artur Ramos, em 20 de abril; os demais, em 4 de maio, na Escola Espaço Educacional Tia Ivonete; e em 30 de maio, na Escola Municipal Embaixador Renato de Mendonça.
Como medidas, a Prefeitura do Pilar, através da Secretaria Municipal de Educação, manteve o calendário escolar e informou que a Polícia Civil (PC) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de Alagoas estão trabalhando no caso e as investigações para identificar e punir os autores das mensagens já estão avançadas.
Em Maceió, um adulto de 23 anos e dois adolescentes de 16 anos foram levados à sede da Divisão Especial de Investigações e Capturas (DEIC) para prestar esclarecimentos após serem identificados como os responsáveis por postarem fotos em redes sociais intimidando professores e alunos de uma escola no Benedito Bentes, em Maceió.
Nesta terça-feira(11), dois adolescentes de 15 e 17 anos foram encaminhados também à sede da DEIC após disseminarem ameaças contra alunos e professores das escolas Luiz Pedro I e João Sampaio, localizadas na parte alta de Maceió. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os jovens serão autuados por ato infracional análogo a crimes e ameaças e apologia ao crime. Como medida imediata, a SSP AL está com um plano de ações de caráter preventivo, em que a Polícia Militar está realizando visitas e rondas em escolas em todo estado.
A orientação da Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) é que a população não divulgue tais informações. De acordo com o delegado da Seção de Crimes Cibernéticos Sidney Tenório, o objetivo dos jovens envolvidos nos casos das mensagens do suposto massacre é justamente criar o caos.
“Não continue espalhando informações que são a intenção daqueles por trás desses eventos que querem criar pânico e caos. É preciso que os pais acompanhem melhor os filhos, principalmente no que diz respeito ao conteúdo que eles postam nas redes sociais e com quem conversam” alerta o delegado.
Para a psicóloga Fábia Araújo, que trabalha com crianças e adolescentes, o caos gerado pelos casos gera uma sensação de pânico coletivo que precisa ser trabalhado tanto com as famílias, quanto com os profissionais da educação. “Nesse contexto atual, é importante um acolhimento da escola com as famílias a princípio. Primeiro a família se sente segura, para então estes responsáveis agirem em equipe com a escola para possibilitar um suporte emocional consistente para as crianças e adolescentes. Para que esse acolhimento aconteça, é necessário diálogo, pois o desconhecido naturalmente gera medo, e orientação, com uma linguagem que respeite a fase do desenvolvimento dos alunos”, destaca.
O debate sobre a saúde mental nas escolas tem se tornado urgente, segundo ela. “Além de questões de segurança física das escolas, outras ações preventivas podem ser realizadas. No contexto atual, é indispensável frequentes treinamentos de professores, bem como da equipe, para saber lidar de forma assertiva com demandas como: agressividade, ameaças, bullying. Nesse contexto, Intervenções com a base das escolas que são equipe de profissionais e professores podem ser mais eficientes do que apenas com as crianças e jovens. Além disso, é observado cada vez mais a necessidade urgente da presença ativa de psicólogos nas escolas”, reforça.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Lysanne Ferro