Amedrontados, pais de alunos pedem segurança em frente à escola em Maceió
Um grupo de pais de alunos de escolas da rede estadual da parte alta de Maceió solicitam segurança nas unidades de ensino da região. Na tarde desta quarta-feira (12), eles realizaram um protesto para que cobrar policiamento.
O ato aconteceu em frente à Escola Estadual Rotary, na Avenida Durval de Góes Monteiro. De acordo com o grupo, os filhos estão com medo de ir às escolas devido as constantes ameaças divulgadas nos últimos dias nas redes sociais.
Maria Andreza, mãe de uma aluna da escola Rotary conta que não levou a filha a escola nos últimos dias devido ao medo e a insegurança.”Não podemos pensar que isso é brincadeira. Não está acontecendo só em Alagoas. Quantas crianças e adolescentes vão perder a vida para se tomada uma atitude mais coerente. Aconteceu fora do país, aconteceu no país e não vai demorar para acontecer aqui se não tiver segurança”, pontua Andreza.
Além disso, Andreza expõe que os muros da escola são baixos e qualquer pessoa pode pular que não há policiamento e nem guardas na entrada. ”Não há policiamento. Os militares do Batalhão Escolar chegam aqui, faz uma ronda, mas fica por pouco tempo. Não queremos uma segurança efetiva que permaneça durante todos os turnos de aula só assim ficaremos seguras em deixar nos filhos na escola. Já conversamos com a direção, mas eles falaram que não podem fazer nada. Os policias do batalhão também informaram que não existe um efetivo para permanecer em todas as escolas fazendo a segurança. Não quero perder nossos filhos para os criminosos”.
Outra mãe que estava no ato, disse que o filho de 14 anos que antes ia sozinho para escola não conseguir ir mais. ”Meu filho tem 14 anos e sempre veio sozinho para a escola. Agora ele pede que eu o traga. Mas, dentro da escola quem garante que ele estará seguro? É preciso segurança efetiva. Seja com guardas municipais armados ou a polícia. Infelizmente é a realidade do momento”, questionou.
Durante o ato, as mães conversaram e uma comentou que o filho está assustado, pois teria recebido no grupo de WhatsApp de alunos mensagens de outros alunos com armas, drogas e dizendo e iria tocar terror dentro da escola. Uma aluna de outra escola da parte alta confirma que as mensagens são verídicas e que a própria recebeu ameaças diretas de jovens da mesma unidade. ”Eles ameaçaram meus irmãos um de 7 e outro de 12 anos. Sou representante de turma e grêmio estudantil, mas não estou indo para escola. Perco prova trabalhos, mas não vou perder a vida”.
Os pais reclamam que não há um treinamento com os seguranças das unidades e que os portões ficam abertos. Ou seja, qualquer pessoa sendo do ‘corpo escolar’ ou não entra e sai à hora que quiser.
Uma faixa solicitando a presença do Coronel Rocha Lima também foi usada pelo o grupo. A reportagem tentou conversar com a direção da escola, mas a diretora preferiu não se pronunciar. Mas, disse que a solicitação de segurança já foi solicitada. Em grupo no WhatsApp de pais e professores, que a reportagem teve acesso, a diretora da escola enviou mensagem cancelando a aula no turno da tarde desta quarta-feira. Durante a permanência da equipe de reportagem no local, foi constatado que havia duas viaturas do Batalhão Escolar com sete militares, no entanto, não foi possível confirmar se o efetivo fica no local diariamente ou estava devido à divulgação do ato.
APREENSÃO
Nessa terça-feira (11), a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL), por meio da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), dois adolescentes, de 15 e 17 anos de idade, por difundirem ameaças de ataques contra professores e alunos das escolas Luiz Pedro I e João Sampaio, ambas localizadas no bairro Petrópolis, na parte alta de Maceió.
De acordo com o delegado Sidney Tenório, da Deic, policiais civis da Secção Antissequestro cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências dos adolescentes e apreenderam dois celulares que usados para que fossem criados perfis falsos, onde eram divulgados vídeos dizendo que iriam cometer massacres nas duas escolas.
O adolescente de 15 anos é aluno da Escola João Sampaio e o de 17 anos estuda na Escola Luiz Pedro I. O delegado informou ainda que eles confessaram a criação dos perfis.
”Eles confessaram que criaram os perfis e divulgaram o vídeo por brincadeira, e que não tinham a intenção de fazer qualquer ataque. Mas, é claro que eles serão responsabilizados por atos infracionais análogos a crimes de ameaças e apologia ao crime”.
Sidney disse que o caso será encaminhado à Delegacia Especial da Criança e do Adolescente. E finalizou dizendo que ”é importante deixar claro que nenhuma ameaça contra a comunidade estudantil em Alagoas ficará impune; todas serão investigadas e, em breve, outras pessoas serão apontadas ao Poder Judiciário”.
ATUAÇÃO
Por determinação do secretário da Segurança Pública, Flávio Saraiva, as agências de Inteligência estão atuando de forma integrada para apurar todas as denúncias e identificar os autores de mensagens propondo ataques em ambientes escolares. A Delegacia de Crimes Cibernéticos está responsável pelas investigações.
Em outra frente, realizando ações de caráter preventivo e de aproximação entre a população e a Segurança Pública, a Polícia Militar está realizando visitas e rondas em escolas tanto na capital quanto no interior do estado.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital (CPC), um dos objetivos também é estreitar as relações entre a Polícia Militar e a comunidade escolar, através das orientações sobre procedimentos de segurança, colocando os militares à disposição da população para atender eventuais ocorrências dentro de escolas.
NOTA TÉCNICA
O Portal Nacional da Educação, por meio de sua Assessoria de Comunicação Institucional recomenda aos veículos de imprensa dos 26 estados e do Distrito Federal referente aos editoriais sobre atentados em escolas e universidades (divulgação de imagens, vídeos e outras informações que possam aumentar o índice de atentados contra escolas e universidades).
As notícias com imagens de atentados está ajudando e contribuindo para esses ataques. Incluindo jogos e desafios lançados por redes sociais.
O Ministério da Justiça acabou de proibir veículos de imprensa no sentido de divulgação das identificações dos autores dos próximos massacres: ‘as recomendações vão no sentido de não divulgar os nomes dos autores, nem quaisquer tipos de imagens, vídeos ou símbolos que os identifiquem, sob nenhuma hipótese. Essa medida previne o chamado “efeito contágio”, que pode desencadear outros ataques ou eventos semelhantes em um curto período e em uma área geográfica próxima’, diz a pasta.
Por Lucas França com Tribuna Hoje