23 de novembro de 2024

Sindicato quer troca de comando dos Correios em Alagoas

O veto à privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi recebido com satisfação pelos representantes dos trabalhadores em Alagoas. Depois de encampar uma luta desde o governo Michel Temer (MDB) que se acirrou ainda mais na presidência de Jair Bolsonaro (PL), a categoria respira aliviada com a notícia. Passado o primeiro momento, o sindicato cobra o próximo passo.

“A gente recebeu com muita satisfação aquilo que o [presidente] Lula [PT] já tinha dito na campanha e, como estadista, cumpriu. Mas, a gente entende que só tirar ali da lista de privatização não basta. Ainda estão como superintendentes em cada estado, pessoas ligadas ao antigo governo que tem a ideia do governo bolsonarista que era de privatizar, então ainda seguem essa linha aqui”, disse Alysson Guerreiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios.

Reafirmando os prejuízos que a privatização traria, o sindicalista enaltece o papel social da empresa. “Seria algo muito ruim pra população, para os trabalhadores, mas também para a população, já que a gente tá falando de uma empresa de logística, a maior empresa de logística da América Latina”.

A logística da empresa é fundamental para o país até quando ocorrem grandes catástrofes no país. “Isso que ocorreu lá no ano de 2021, quando ocorreu aquela catástrofe lá em Minas Gerais e o governo do Novo, o Zema foi para a imprensa e disse que se não tivesse os Correios naquele momento como uma empresa pública, não teria como atender aquela população que sofreu tanto com as chuvas lá”.

Segundo ele, com a privatização a empresa vai priorizar apenas locais que trazem lucro, o que poderia deixar de fora quase todos os municípios alagoanos. “Hoje em Alagoas apenas Arapiraca e Maceió são locais que dão lucro para os Correios. Os demais não dão lucro para os Correios. Mas os Correios trabalham com a forma de subsídio cruzado, ou seja, a parte que dá lucro cobre a parte que dá prejuízo. Infelizmente muitas agências iriam fechar, a população brasileira iria sofrer porque não teriam acesso às encomendas e as correspondências diga se de passagem”.

Muitas vezes população contrata outras empresas, mas só é atendida em algumas regiões por conta dos Correios, pela explicação de Guerreiro.

“Na parte de encomenda tem mais de 2.000 empresas concorrentes, desde as empresas pequenas, empresas multinacionais concorrentes dos Correios no setor de encomendas, mas em vários municípios aqui de Alagoas, por exemplo, essas concorrentes se utilizam dos trabalhos dos Correios, ou seja, posta nos Correios para que os Correios façam essas entregas naqueles municípios que não são lucrativos. Então o correio faz esse serviço. Por ter esse caráter social de atender a toda a população brasileira”.

Nessa lógica, Alagoas vinha perdendo agências nos últimos anos. “Aqui temos cinco agências fechadas: Minador do Negrão, Satuba, Santa Luzia do Norte, Água Branca e Santana do Mundaú. O mais recente fechamento foi a agência de Satuba. Os governantes de lá da cidade já fizeram a audiência pública, colocaram a vontade de reabrir agência e aí o superintendente vai tentar reabrir agência muito pela cobrança da população daquela cidade”.

Trabalhadores se mobilizaram com deputados, mas sofreram revés

No decreto assinado pelo presidente Lula (PT) e publicado no dia 6 de abril, 8 empresas foram retiradas do PPI (Programas de Parceiras e Investimentos) e PND (Programa Nacional de Desestatização). No mesmo dia da posse, o presidente determinou a paralisação das desestatizações em um despacho. Os Correios já estavam em um processo avançado, sob análise no TCU (Tribunal de Contas da União), com aprovação na Câmara em agosto de 2021.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Alysson Guerreiro lembra que os trabalhadores dialogaram com parlamentares para votar contra o projeto de privatização, mas no momento da votação, os deputados foram favoráveis à proposta.

“Os deputados votaram para que não tivesse discussão nenhuma lá e fosse voto em caráter de urgência, a ideia era privatizar os Correios de toda forma. O projeto passou na Câmara dos Deputados e foi para o Senado, chegou na Comissão de Assuntos Econômico. E a gente teve também no Congresso e conversando com alguns parlamentares. Os parlamentares diziam uma coisa para a gente na hora da votação, votaram diferente. Então na hora que a gente foi conversar com os senadores, a que a gente conseguiu uma visibilidade melhor de que os deputados. Infelizmente deputados por projetos particulares, uma boa parte votou a favor da privatização, infelizmente sem pensar na população”, relata Alysson.

Na campanha contra a privatização, teve até protesto na porta da casa do atual presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, em Maceió.

“Fizemos a luta indo para as ruas, nas mídias sociais e na nos canais alternativos que foi muito importante, e nos canais mais e democrático onde a gente podia falar, a gente falava da importância dos Correios. Aqui a gente fez uma luta muito grande, fizemos até um ato frente do da casa do presidente da Câmara”.