24 de novembro de 2024

Mortes por choque elétrico aumentam quase 60% em Alagoas

Intervenção na rede elétrica só pode ser feita por profissionais que estiverem a serviço da distribuidora de energia - Foto: Edilson Omena

Dados da Polícia Científica de Alagoas apontam que o número de mortes por choque elétrico aumentou em quase 60% no estado. Segundo levantamento, até o mês de março deste ano foram registradas 11 mortes por choque elétrico. Já no mesmo período do ano passado foram sete vítimas fatais. Um aumento de 57,1%.

O engenheiro eletricista e diretor executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), Edson Martinho, explicou que os riscos de choque elétrico são diversos e os principais motivos das mortes são o desconhecimento e o descaso.

“A eletricidade oferece risco de choque elétrico, incêndio gerado a partir de sobrecarga ou curto-circuito, ou ainda por arco elétrico e as descargas atmosféricas (raios) que podem matar por descarga direta ou indireta. Há dois macro motivos para as mortes, o primeiro é o desconhecimento dos riscos que a eletricidade pode causar e assim acabam se arriscando. O segundo é o descaso, pois sabem dos riscos, mas decidem se arriscar e algumas vezes se acidentam”, afirmou.

Durante o ano de 2022, a Abracopel contabilizou 853 acidentes graves por choques elétricos em todo o país. Em 66% dos casos foram registradas mortes. Foram 592 mortes por choques elétricos. E o maior número de mortes foi em rede aérea de distribuição, com 262 vítimas fatais.

Segundo o presidente da Abracopel em Alagoas, João Macário Netto, as pessoas acham que eletricidade não é perigosa e por isso acontecem muitos acidentes. “Vemos diariamente que os riscos são grandes e devem ser cuidados. Um choque elétrico de uma tensão de mais de 50 volts já pode causar a fibrilação cardíaca de uma pessoa, isto se esta estiver em área seca. Se for em área úmida, o valor cai para 25 volts. Portanto, todos os choques podem causar óbito”, disse.

João Macário destacou ainda que mais de 800 incêndios foram gerados a partir de sobrecarga nas redes de energia e que eles resultam de má instalação, produtos de má qualidade e uso excessivo de dispositivos elétricos nas tomadas.

“É importante revisar a instalação a cada cinco anos pelo menos, sempre com um profissional capacitado e atualizado e usando as normas técnicas como base; não sobrecarregar as tomadas; para equipamentos de maior potência, não usar em extensões ou benjamins; nunca usar interruptores, tomadas próximo a áreas molhadas, como box de banheiro; não usar equipamentos como secador e chapinha dentro do banheiro; e não usar o celular enquanto carrega”, afirmou.

O presidente da Abracopel/AL ressaltou que, em caso de acidente, a primeira atitude deve ser desligar a chave geral, se possível, e nunca encostar na vítima. “Ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros, através do 193. O telefonista vai passar as primeiras orientações e já vai enviar uma viatura para o local”, disse.

Novo acidente causou óbito e deixou um ferido no domingo em Arapiraca

No último domingo (26), um homem morreu e outro ficou ferido após serem vítimas de choque elétrico enquanto trabalhavam limpando a marquise de uma loja, no centro de Arapiraca, Agreste de Alagoas.

Segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros, eles estavam em um andaime muito alto quando encostaram em uma rede de alta tensão e foram eletrocutados. Quando a guarnição chegou ao local, uma das vítimas já estava em óbito, carbonizada, encostada à estrutura de metal.

No dia 27 de fevereiro, duas pessoas morreram após serem vítimas de choques elétricos em situações distintas na capital alagoana. Um dos casos foi no bairro de Riacho Doce. Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o homem teria sofrido a descarga após tentar, descalço, desligar o aparelho de TV a cabo que ficou em chamas após a antena ser atingida por um curto-circuito da rede elétrica que estourou na rua e caiu na casa da vítima.

O outro caso foi no bairro do Jacintinho. Um homem trabalhava na construção de um prédio comercial com o enteado quando sofreu uma descarga elétrica e acabou levando uma queda de aproximadamente três metros.

Por meio de nota, a Equatorial Alagoas disse lamentar os fatos ocorridos. Em relação aos casos em Arapiraca e no bairro do Jacintinho, em Maceió, reforçou que qualquer serviço de construção ou reforma deve ser executado com a distância mínima de três metros da rede elétrica, para evitar acidentes, que podem ser fatais.

Além disso, só é permitida intervenção na rede elétrica, por profissionais que estiverem a serviço da distribuidora, com o uso de todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).

Já em relação ao caso registrado em Riacho Doce, a Equatorial disse que ao receber o chamado, equipes técnicas foram encaminhadas até o local e de acordo com as primeiras análises tratava-se de uma unidade consumidora desligada no sistema da distribuidora e que estava recebendo energia por meio de uma ligação clandestina.

Quanto ao rompimento de um cabo de energia, a empresa informou que recebeu chamado para essa ocorrência, porém o cabo não caiu em cima da casa da vítima, já que a rede se localiza do lado oposto à unidade. 

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente