21 de novembro de 2024

O que se sabe sobre o caso da idosa internada à força pela filha em clínicas psiquiátricas sem indicação médica

Maria Aparecida Paiva foi internada à força pela filha em clínicas psiquiátricas na Região Serrana - Foto: TV Globo/Reprodução

A polícia prendeu na sexta-feira (24), um casal suspeito de internar à força uma idosa, sem indicação médica. Maria Aparecida Paiva, de 65 anos, foi internada pela filha e o genro em duas clínicas psiquiátricas na Região Serrana. Segundo o delegado Felipe Santoro, da 9ª DP (Catete), eles queriam desqualificar a vítima para ficar com a pensão dela.

A filha Patrícia de Paiva Reis e o genro Rafael Machado Costa Neves tiveram prisão preventiva decretada. No sábado (25), a polícia interditou as clínicas Revitalis, em Araras, e Vista Alegre, em Correas, distritos de Petrópolis, na Região Serrana.

A médica que emitiu laudo dizendo que Maria aparecida apresentava quadro grave de depressão e delírio e o diretor da Clínica Revitalis devem prestar depoimento na polícia nesta semana.

As investigações sobre o casal ainda estão em andamento. A mulher e o homem estão sendo investigados, inclusive, por sequestro qualificado para a internação compulsória de Maria Aparecida. A vítima estava internada desde 6 e fevereiro e foi resgatada pela polícia na quinta-feira (23).

Confira o que se sabe sobre o caso

1. Como a vítima foi internada contra a vontade e sem indicação médica?

Em entrevista ao RJ2, Maria Aparecida contou que estava saindo do banco quando foi abordada por ocupantes de uma ambulância, na calçada.

Segundo a polícia, a vítima chegou a pensar que era uma saidinha de banco ou sequestro relâmpago, mas percebeu a trama quando o sequestrador disse que “era uma coisa de família”.

Ela contou que ficou num quarto, trancada, sem janela, por três dias.

2. O que teria motivado o plano para desqualificação de Maria Aparecida?

De acordo com as investigações, a motivação do crime seria porque a idosa havia denunciado os maus-tratos que os dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav). Ela foi sequestrada poucos dias depois da denúncia.

Maria Aparecida acredita que Patrícia tenha ficado com raiva por causa da denúncia. E também por questões financeiras, já que a filha teme perder o dinheiro da pensão do filho. O pai está pedindo a guarda da criança.

De acordo com o delegado Felipe Santoro, que comanda as investigações, a filha Patrícia e o genro Rafael também teriam elaborado o plano para desqualificar Maria Aparecida e ficar com o dinheiro integral da pensão que ela dividia com a filha.

3. O que aconteceu após a internação da vítima?

Segundo Maria Aparecida, após sua internação, a filha e o genro deram prosseguimento ao plano. Ela contou que Patrícia contratou duas faxineiras para limpar o apartamento dela. O imóvel da idosa foi imediatamente alugado para o carnaval.

4. Quem é Patrícia de Paiva Reis?

Patrícia de Paiva Reis responde a cinco processos por calúnia, estelionato, extorsão e furto em veículo, entre 2019 e 2020.

Ela também é investigada em dois processos, nas 9ª DP (Catete) e 14ª DP (Leblon) sob suspeita de falsas acusações contra ex-namorados enquadrados na Lei Maria da Penha. Um deles foi exposto em uma rede social de Patrícia em uma campanha contra a violência doméstica. Mas a polícia suspeita que as acusações sejam inverídicas.

5. Esta foi a primeira vez que Patrícia tentou interditar a mãe?

Patrícia já tinha tentado internar a mãe, pelo Samu, em 27 de janeiro. Mas o plano não deu certo. A equipe não constatou nada de errado clinicamente com Maria Aparecida.

Em relatório, a equipe do Samu que atendeu ao chamado da filha de Maria Aparecida informou que a paciente, que apresentava discurso coeso, linear e coerente, sem presença de delírios ou algo que sugerisse transtorno psiquiátrico de agressividade.

6. Que suspeitas recaem sobre o genro Rafael?

O irmão de Rafael, o companheiro de Patrícia, também viveu situação similar a de Maria Aparecida. Sendo que no caso de Rodrigo, tudo foi registrado por câmeras de segurança.

No dia 18 de fevereiro do ano passado, Rodrigo foi surpreendido e imobilizado na frente de casa por uma equipe contratada por Rafael e Patrícia.

Rodrigo morreu de forma suspeita sete meses depois, no 20 de setembro 2022. No CER do Leblon, a médica que atestou a morte informou que a possível causa seria por intoxicação. No IML, a certidão de óbito apontou a necessidade de exames de laboratoriais.

Por G1