22 de novembro de 2024

Arapiraca tem o mais velho Mestre de Reisado do Brasil

Aos 101 anos, Seu Ramiro Celestino lembra com saudade do tempo em que, na infância, brincava de reisado ao lado de seu irmão, que era o Mestre - Foto: Acervo Pessoal

Os sons do apito, as danças e as encenações ainda permanecem vivas na memória do mais antigo morador de Arapiraca e o mais velho Mestre de Reisado do Brasil: Ramiro Celestino dos Santos.

Quando ele nasceu, em maio do ano de 1921, Arapiraca era Vila de Limoeiro de Anadia, conquistando sua emancipação política somente três anos depois.

Residente no Sítio Piauí, aos 101 anos de idade, Seu Ramiro Celestino lembra com saudade do tempo em que, na infância, brincava de reisado ao lado de seu irmão, que era o Mestre. Nesse folguedo, naquela época, ele era o Coice do Marujo.

“Naquela época não tinha muitos recursos em nossa comunidade e não tenho fotos das apresentações”, relata.

Ramiro Celestino conta que nasceu no Sítio Pilões, no vizinho município de Feira Grande, de onde saiu no ano de 1952 para morar no Sítio Piauí, em Arapiraca.

Na comunidade, Seu Ramiro sempre esteve engajado na luta com os moradores em defesa do desenvolvimento social, cultural e econômico da localidade.

Além de manter viva a tradição de sua comunidade, Ramiro Celestino já fez de quase tudo na vida: trabalhou no campo, guiando carro de boi e vendeu cereais nas feiras livres nas cidades da região.

Poeta do improviso, mestre na arte no manuseio do badoque, o ancião também é a memória viva das passagens de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros em Arapiraca e cidades do Agreste alagoano.

Mestre Ramiro Celestino foi a primeira pessoa a batizar um recém-nascido na Igreja de São Sebastião, que é a marca da presença da comitiva do Imperador Dom Pedro II pelo município.

Devoto fervoroso de São Sebastião, o padroeiro da comunidade, o ancião é uma lenda viva no local, que preserva até hoje a via de chão batido, denominada de “Estrada Real”, originária da época da passagem da comitiva do Imperador do Brasil, conforme relata o morador Rodrigo Lopes da Costa, que é diretor de Políticas Públicas da Associação de Moradores do Sítio Piauí.

Por Davi Salsa – Sucursal Agreste com Tribuna Independente