Caso Marcelo Leite: familiares e amigos repercutem indiciamento de PMs envolvidos na morte do empresário
Nesta terça-feira (07), a comissão da Divisão Especial de Investigação divulgou a conclusão do inquérito que investigou a ação dos policiais na abordagem policial em novembro que resultou na morte do empresário arapiraquense Marcelo Leite. Os três policiais militares foram indiciados por homicídio doloso e fraude processual. Familiares e amigos do empresário comentaram nas redes sociais a sensação de alívio em ver o caso sendo resolvido.
A versão apresentada pelos policiais envolvidos para justificar a abordagem truculenta era de que Marcelo estaria portando uma arma de fogo, tendo apontado em direção aos policiais. Conforme foi apurado pela comissão de delegados que investiga o caso, a arma encontrada no veículo da vítima foi plantada para incriminar o arapiraquense.
“Esta arma de fogo nunca existiu dentro do veículo do condutor Marcelo Leite. Essa arma teria sido colocada no veículo logo após os policiais perceberem que o condutor havia sido atingido por um dos disparos e essa arma de fogo teria sido necessária para simular uma legítima defesa”, explicou o delegado Igor Diego, durante a coletiva de imprensa.
Desde o ocorrido, em novembro, familiares e amigos da vítima contestaram essa versão, de que Marcelo teria uma arma. Todos os relatos apontavam o empresário como um cidadão pacato, amigo e tranquilo. Nas redes sociais, os comentários na página criada para pedir justiça pelo caso reiteraram a defesa do caráter de Marcelo. “O início da justiça está sendo feita. E com isso a população vai se sentir mais segura! Nada nos devolverá o Marcelo, mas também nada vai denegrir o seu nome, sua índole e seu caráter!”, escreveu um amigo do empresário.
Uma usuária cobrou o afastamento dos PMs, “Parabéns a @policiacivildealagoas ! @mpealagoas esses policiais devem estar presos, cometeram um crime, mataram um inocente, com uma vida inteira pela frente, um menino de Deus, maravilhoso. Esses policiais não podem e não devem estar nas ruas, cometendo os mesmos crimes”, publicou.
O pai de Marcelo, Thalles Shilmaney, comentou por vídeo para um portal de notícias a conclusão do inquérito. Para ele, a defesa da índole do filho era também prioridade, já que Marcelo nunca pode se defender.
“Hoje, todas essas alegações caíram por terra com a apresentação do inquérito policial feito pela Polícia Civil. Eu queria enaltecer a Polícia Civil, que fez um trabalho perfeito junto com seus peritos. Também queria agradecer a toda a sociedade, que, desde início, nos apoiou nessa busca por Justiça. Marcelo era um menino do bem, trabalhador, excelente marido e filho, excelente pessoa. Marcelo tinha muitos amigos e era querido por todos. A nossa família sofre grandemente por algo que poderia ter sido evitado e causou muita dor. E que ainda vai causar muita dor. A saudade é muito grande. Mas, hoje, recebemos uma pequena alegria e um sopro de alívio”, desabafou.
A comissão a Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC), formada pelos delegados Igor Diego, Coordenador da DEIC, Filipe Caldas e Sidney Tenório. Participaram da coletiva também o delegado-geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, e o Chefe Especial do IC, Welington Melo, irá encaminhar para o Ministério Público do Estado (MP-AL) e ao Poder Judiciário uma representação com o pedido de prisão preventiva dos dois primeiros PMs e o afastamento das funções do terceiro militar.
O comandante da viatura foi indiciado por homicídio doloso, quando se assume o risco de matar; fraude processual, por causa da arma de fogo implantada no carro, e denunciação caluniosa. O segundo policial militar: indicado por fraude processual e denunciação caluniosa, ele apresentou na Central de Polícia no dia do fato a ocorrência e a arma. Já o terceiro policial militar foi indiciado apenas por fraude processual e poderá responder em liberdade.
O CASO
Em novembro, Marcelo foi atingido nas costas por um tiro de fuzil durante uma perseguição policial. O empresário arapiraquense ficou dias internado em um hospital em Arapiraca até ser transferido, em estado grave, para um hospital em São Paulo, onde faleceu no dia 5 de dezembro. Em janeiro, a Polícia Civil realizou uma reprodução simulada da abordagem.
Fonte: Jornal de Arapiraca / Lysanne Ferro