Alagoano da aldeia Tingui-botó recusa convite para integrar Ministério dos Povos Indígenas
O indígena alagoano, Ricardo de Campos, da etnia Tingui-Botó, em Feira Grande, foi convidado pela ministra Sônia Bone Guajajara para integrar o gabinete do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas.
Dono de um currículo exemplar, Ricardo é Bacharelando em direito, formado em Gestão de Segurança Pública, e já tendo estudado em História pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em Palmeira dos Índios, também tem formação em Gestão Ambiental e Territorial Indígena pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-ONU).
Em entrevista para o Jornal de Arapiraca, o filho do pajé da aldeia Tingui-Botó falou como o convite foi feito. De acordo com Ricardo, a Ministra Sônia Bone, fez o convite por ligação.
“Me senti lisonjeado por ter sido convidado diretamente pela ministra, e por conta do convite ter sido feito, pelo motivo do meu currículo vitae”, disse Ricardo destacando que este convite representa uma esperança para a resolução dos conflitos.
Mesmo com tamanha grandeza do convite, ele não vai para Brasília para trabalhar ao lado de Sônia Bone. Ricardo continuará em Alagoas, junto ao seu povo, lutando por respeito ao povo indígena.
“Não irei para a Esplanada dos Ministérios em Brasília, resolvi ficar aqui no torrão alagoano, fazendo a luta e enfrentamento com as bases”, revelou.
O alagoano relata a importância do ministério dos povos indígenas para a comunidade indígena. “O novo MPI, nos traz a compreensão de uma mudança de vida e de garantia dos direitos adquiridos”, explicou.
Perguntado pela nossa redação se nos últimos 4 anos, a luta indígena ficou enfraquecida, devido ao desmonte federal. Ricardo disse que o movimento indígena brasileiro, se intensificou.
“Nestes últimos 4 anos, mesmo com a pandemia, segundo ele, as ações contrárias aos direitos humanos e dos povos indígenas bem como o desmatamento ilegal e ações de garimpo e ataques a grupos de índios isolados, fez com que fôssemos denunciar o governo federal lá no exterior”, disse.
O índio da Tingui-Botó disse o que espera que mude a partir de agora, com o governo Lula e o novo ministério.
“Esperamos que as demarcações saiam do papel, e que a FUNAI seja reestruturada e fortalecida”, finalizou Ricardo de Campos.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Rafaela Tenório