Governador Paulo Dantas avalia acomodar os derrotados nas eleições
Contemplar aliados em espaços políticos é uma das muitas questões consideradas obrigatórias a quem exerce mandato no Poder Executivo e, por isso, o governador Paulo Dantas (MDB) já mexe no tabuleiro de seu secretariado. Fazer isso entre aqueles que lograram êxito na última eleição é a parte mais “fácil”, uma vez que estes possuem mandatos e, portanto, mais peso no jogo político daqui por diante. Entretanto, não dá para desprezar aliados que não conseguiram se eleger, especialmente aqueles que, mesmo derrotados, ainda possuem boa capilaridade eleitoral.
Na medida em que o governador monta sua equipe, abre espaços para os não eleitos em outubro de 2022. Por exemplo Galba Novaes (MDB) não conseguiu ser reeleito deputado estadual, mas assumirá mandato porque Carla Dantas (MDB) ocupará a Secretaria de Agricultura.
Outros nomes seguem em análise no Palácio República dos Palmares, mas ninguém fala abertamente sobre. A reportagem da Tribuna conversou com uma fonte ligada ao Poder Executivo estadual, sob a condição de anonimato, que revelou o que está sobre a mesa do governador.
Especulou-se que Davi Maia (União Brasil), que não se reelegeu para a Assembleia Legislativa Estadual (ALE), poderia ocupar o Instituto do Meio Ambiente, mas isso, por enquanto está descartado. “No IMA foi mantido o Gustavo Lopes. O caso do Davi Maia está sendo analisado”, diz a fonte palaciana.
Outros dois nomes da ALE, Yvan Beltrão e Léo Loureiro, ambos do MDB, também não foram reeleitos. Já na Câmara dos Deputados, Tereza Nelma (PSD) não foi reeleita, mas apoiou Paulo Dantas no segundo turno da eleição.
“No caso do Léo, um deputado deverá pedir licença para ele assumir mandato. Yvan e Tereza estão na mesma situação de Davi, mas ambos terão espaço dentro do governo”, adianta. “A Tereza pode até virar a secretária, inclusive, de PCD [Pessoa com Deficiência]. Isso ainda não está definido porque estão avaliando a questão do Léo. Se não tiver a licença para ele assumir o mandato, ele assume secretaria também”, completa.
Ou seja, daqui a pouco tempo, é provável que haja mudanças na equipe de Paulo Dantas, de acordo com a fonte do Palácio que falou com a Tribuna.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) para saber do governador como anda essa questão dos aliados não eleitos, mas não houve resposta até o fechamento desta edição porque ele estava em reunião com o secretariado.
GRUPO FORTALECIDO
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, contemplar aliados é algo comum por ser uma das formas de manter grupos políticos fortalecidos.
“Como é que eu me fortaleço para disputar, competitivamente, uma eleição se eu perder? Estabelecendo ou fortalecendo os membros do meu grupo. Ou seja, fazê-lo se manter consolidado e forte. Essa é a estratégia que o Renan Calheiros sempre adotou e não é à toa que ele tem um arco de alianças grande no interior, seja com prefeitos do MDB ou não. Não é à toa que o MDB tem a maior bancada, dois senadores. Tudo isso, Governo do Estado, dois senadores, maior bancada, maior número de prefeituras, faz de Alagoas um estado que tem o MDB como maior referência política”, explica.
O cientista político ainda ressalta a realização das eleições municipais daqui a dois anos e a importância de se ter grupo político fortalecido.
“Essa estratégia de contemplar aliados que não conquistaram vaga visa a manutenção de grupo porque a rodada eleitoral seguinte já no próximo ano. Para a rodada eleitoral seguinte, tanto o grupo do Arthur Lira quanto o dos Calheiros, hoje o governador Paulo Dantas, entenderam que ambos perderam para JHC [nas eleições de 2020 em Maceió]”, pontua. “JHC é uma terceira força, tem a máquina da Prefeitura e está fazendo gestão. Bem ou mal, a gente não sabe, às vésperas das eleições, como isso será avaliado”, completa Ranulfo Paranhos.
Entre os novos secretários de Paulo Dantas está Rui Palmeira (PSD), ex-prefeito de Maceió e apontado como provável nome do Palácio para 2024.
Por Carlos Amaral / Tribuna Independente