12 de abril de 2025

Pesquisa avalia uso de maconha apreendida para produção de biocombustível

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Um projeto em fase inicial no Pará estuda a possibilidade de transformar maconha apreendida em biocombustível e outros produtos com potencial de aproveitamento. A iniciativa reúne pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Polícia Federal.

Atualmente, todo o material apreendido pelas forças de segurança é armazenado temporariamente e depois incinerado, um processo que envolve custos com segurança e logística. O professor da UFPA, Nélio Teixeira Machado, explica que a conversão desse material poderia representar uma alternativa mais eficiente e sustentável.

A ideia surgiu há cerca de um ano e meio, quando o perito da Polícia Federal Antônio Canelas, doutorando orientado por Machado, pesquisava a conversão de casca de cacau em biogás, bio-óleo e biocarvão. Diante dos volumes de maconha apreendida, surgiu a hipótese de aplicar a mesma tecnologia a esse material.

Machado ressalta que há diferenças entre os dois casos. “Existe uma diferença conceitual”, afirma. “Evidentemente a casca do cacau não é um material apreendido.” No entanto, ele aponta semelhanças estruturais que tornam viável a conversão da maconha em novos produtos. O estudo se concentra exclusivamente nessa planta, por se tratar de um composto orgânico com potencial para esse tipo de transformação.

Por se tratar de um material sujeito a controle, qualquer pesquisa com maconha apreendida precisa de autorização da Polícia Federal. A participação de um perito da instituição no projeto tem facilitado esse processo, permitindo que os experimentos sejam conduzidos nos próprios laboratórios da PF.

Atualmente, os pesquisadores estão analisando os produtos resultantes da conversão da maconha, como o bio-óleo e o biocarvão. “Foi montado todo o aparato para realizar os experimentos. Está na fase de analisar o bio-óleo e o biocarvão”, explica Machado.

Se os resultados forem positivos, a pesquisa avançará para uma nova fase, na qual será avaliada a viabilidade econômica e a ampliação da tecnologia. Esse processo envolve desafios técnicos e financeiros, como a necessidade de um reator de pirólise para viabilizar a conversão. Para seguir com o projeto, a equipe busca parcerias e financiamento que possibilitem expandir os estudos.

Por Redação