21 de novembro de 2024

Bebê recém-nascido morre e família vai processar Hospital Veredas em Maceió

Noah Miguel nasceu no último dia 29 de maio e faleceu nesta quinta (06) – Foto: Arquivo Pessoal

A família do pequeno Noah Miguel Celestino da Silva, recém-nascido, – que morreu nesta quinta-feira (06), no Hospital Veredas, em  Maceió, – afirmou que vai processar a unidade de saúde, bem como a obstetra por negligência médica e falsidade ideológica. 

A avó paterna da criança, Rosilene de Oliveira, relatou que foram cerca de 17 horas de espera até que o parto acontecesse no último dia 29 de maio. O neto dela estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e a causa da morte foi encefalopatia lúpica isquêmica. Ela também disse que um documento falso foi emitido pela unidade hospitalar quando o bebê foi para a UTI. 

“Já registramos um Boletim de Ocorrência (BO) e vamos processar o hospital e a obstetra que cometeu a negligência médica. Procuramos a direção do Veredas e eles não nos receberam, apenas uma secretária veio falar conosco, chamaram até o segurança para a gente não entrar na direção do hospital”, revelou.

Rosilene Oliveira disse que o delegado Denisson Albuquerque, do 4º Distrito Policial, vai instaurar o inquérito policial.

DORES COMEÇARAM DE MADRUGADA

“Ela começou a sentir dores quatro horas da manhã, aí quando foi umas sete ela foi para o Hospital da Mulher e não foi atendida, foi encaminhada para a Nossa Senhora da Guia e também não foi atendida alegando que não tinha médico, então meu filho levou ela para o Hospital Veredas, por volta de uma hora ela chegou lá no Hospital Veredas, foi atendida pelo médico residente e ficou lá até 16 horas, quatro e meia da tarde por aí, foi quando a médica, a obstetra, apareceu para ‘pocar’ a bolsa dela, né? E esse foi o único momento em que a médica apareceu lá, a obstetra, quatro e meia da tarde”, contou a avó da criança.

Rosilene relata também que a médica do plantão da tarde disse que não estava afim de fazer o parto, que o procedimento fosse realizado apenas à noite.

“Quando foi umas 18 horas ela pediu para que aplicasse uma injeção de indução, mas em nenhum momento ela foi dar assistência lá à minha nora. As enfermeiras foram por várias vezes na sala dela chamar ela para ir olhar a gestante porque sabiam que tinha algum problema, que com certeza estava… não tinha condição de aquela criança nascer normal. E ela respondeu que não estava ali, não estava afim de fazer o parto naquela tarde, que ela esperasse para o turno da noite”, destacou.

A médica da noite, quando iniciou o plantão, percebeu a gravidade da situação e realizou o parto emergencial.

“Quando a médica da noite chegou, por volta de 19h30, ela se dirigiu até a enfermaria, onde a minha nora estava. Então, quando ela percebeu a situação, ela viu que algo muito sério tinha acontecido com a criança. Então, ela tinha que fazer o parto o mais rápido possível, porque já fazia muito tempo que a criança estava no canal vaginal. Então, ela estava sendo sufocada pelo cordão umbilical e pelo bracinho dela, que estava junto ao rosto. Então, a médica fez o procedimento, o parto, cortando também a minha nora. Ela ficou toda cortada, dilacerada, tanto por dentro como por fora. Uma coisa terrível”, pontuou Rosilene de Oliveira, que relatou que o nascimento aconteceu às 20h24.

A avó informou que constatou irregularidades no documento utilizado pelo hospital para preencher o prontuário.

“A criança, na verdade, nasceu morta e foi reanimada na UTI, e consta isso, esses dados na declaração de nascimento vivo, e eu constatei também uma irregularidade. Nesse documento consta que ela teve apenas duas consultas no pré-natal e começou o pré-natal com oito meses de gestação, que não é verdade. Eu fui procurar saber dessa informação, quando eu cheguei na UTI, no prontuário dela constava apenas essas informações, e eu perguntei ao médico porque ele me mostrou um documento dizendo que essas informações constavam no cartão de pré-natal dela”, disse revoltada a avó.

Rosilene afirmou que o documento foi forjado para que mostrasse que a culpa era da mãe da criança.

“Quando eu peguei o documento que ele me mostrou, o documento era falsificado, eles escanearam o documento, apagaram as informações que tinha no cartão original e colocaram essas duas consultas e no oitavo mês de gestação, ou seja, eles falsificaram um documento para dizer que ela não fez o pré-natal como deveria, dizendo provavelmente que a culpa era da mãe por a criança nascer doente dessa forma, que não é verdade. O nó original consta todos os exames, as consultas e eu inclusive até falei para o diretor da UTI que ele podia responder por falsidade ideológica. Isso é crime”, finalizou a avó.

Em nota, o Hospital Veredas lamentou a situação e informou que iniciou uma auditoria detalhada dos procedimentos e protocolos seguidos no caso mencionado.

“O Hospital Veredas lamenta profundamente a situação relatada pela Sra. Rosilene de Oliveira, avó do bebê recém-nascido, e expressa sua solidariedade à família neste momento de dor e preocupação. A segurança e o bem-estar dos nossos pacientes são nossas prioridades máximas, e levamos muito a sério todas as alegações de negligência e irregularidades.

Informamos que colaboraremos integralmente com os órgãos competentes para a completa elucidação dos fatos. Internamente, já iniciamos uma auditoria detalhada dos procedimentos e protocolos seguidos no caso mencionado, para assegurar que todos os procedimentos estejam conforme as melhores práticas médicas e legais.

Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a ética. Estamos à disposição para prestar todo o apoio necessário à família durante este período.

Aguardamos os resultados e reforçamos nosso compromisso com a saúde e a segurança dos nossos pacientes”.

OUTRO CASO

Outro caso denunciado também no Veredas, é o do paciente, Edson Lopes dos Santos, de 54 anos, internado há mais de 16 dias para fazer um procedimento de cateterismo cardíaco para a colocação de um stent. Ele reclama que nesse período, não foi atendido em função do hospital estar com seus equipamentos sem funcionar e não ter nenhuma data prevista, colocando o paciente em alto risco de vir a óbito.

A reportagem do Tribuna Hoje aguarda posicionamento do Veredas para atualização da matéria. 

Por Tribuna Hoje