Racha no MUVB provoca a renúncia de três coordenadores
Para representantes dos movimentos das vítimas, há clara partidarização pró-governo do MUVB, sobretudo durante este ano eleitoral de 2024 – Foto: Sandro Lima
Em carta-renúncia dirigida à comunidade, três coordenadores do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) – Alexandre Sampaio, Dilson Ferreira e Neirevane Nunes –renunciaram a seus cargos na entidade, alegando divergência com os demais integrantes do grupo. No entanto, garantiram que vão continuar lutando contra a mineração predatória praticada pela Braskem e cobrando punição dos responsáveis pelos danos causados pelo afundamento do solo de cinco bairros de Maceió.
“Queremos deixar claro para o MUVB, para todos e todas atingidas pela Braskem e para toda a sociedade Brasileira que seguiremos firmes na luta, seja através da Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração, seja através do exercício pleno da cidadania e da luta defendendo o direito das vítimas à reparação integral dos danos causados pela Braskem, buscando em todas as instâncias sua punição pelo maior crime socioambiental do mundo em Área Urbana”, afirmaram os ex-coordenadores.
Entre os motivos da renúncia, além de questões de falta de concordância na condução da entidade e de omissões em casos de ataques a integrantes do grupo, os signatários da carta-renúncia alegaram questões políticas. “A clara partidarização pró-governo do MUVB, sobretudo neste ano eleitoral de 2024, torna impossível a nossa permanência na Associação do Movimento Unificado das Vítimas”, argumentaram os renunciantes, acrescentando que essa partidarização comprometeria a luta contra a Braskem.
Para os ex-coordenadores, o Movimento tomou o caminho errado ao se atrelar a governo do Estado ou à Prefeitura de Maceió. “Pois isso enfraquece o enfrentamento devido à confusão de interesses políticos e partidários, que passam a ser mais importantes que o objetivo inicial do movimento de buscar reparação integral das vítimas e a punição dos culpados, entre eles integrantes do governo de Alagoas, como o IMA [Instituto de Meio Ambiente], e não apenas a gestão do atual prefeito JHC”, destacaram.
OUTRO LADO
O atual coordenador-geral do MUVB, Cássio Araújo, lamentou a saída dos ex-coordenadores, respeita a decisão dos colegas, mas discorda das alegações apresentadas na carta-renúncia. “Sinceramente, acho que a divulgação desta Carta Renúncia será muito bem-vista pela Braskem. Ela irá aplaudir essa iniciativa”, afirmou Araújo, que ficou de dar uma resposta aos ataques contra ele inseridos no documento. “Peço um tempo para preparar a resposta a ela, considerando que sou mencionado várias vezes”.
Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente