MDB investe em vereadores de oposição
Vereador Kelmann Vieira confirma que irá cobrar mais transparência do prefeito de Maceió, JHC – Foto: Divulgação
O MDB, partido em Alagoas presidido pelo senador Renan Calheiros, e com forte influência do ministro dos Transportes, Renan Filho, além das articulações do governador Paulo Dantas, intensifica as suas estratégias na Câmara de Vereadores de Maceió, com parlamentares de oposição, para confrontar os atos do prefeito JHC (PL), buscando um desgaste para as eleições do próximo ano. Na realidade política atual, o gestor da capital alagoana segue como favorito a se manter no posto e renovar o seu mandato por mais quatro anos.
A estratégia do Renan Calheiros tem sido evidente e confirmada pelo vereador Kelmann Vieira (MDB), que retornou ao mandato no final de outubro deste ano. “O governador Paulo Dantas, o senador Renan Calheiros e o ministro Renan Filho estão muito alinhados no entendimento de que precisei voltar à Câmara de Maceió para contribuir com os demais vereadores a intensificar uma oposição. Hoje, o Legislativo, carece de um debate muito maior, de ouvir os dois lados, algo que não vem ocorrendo”.
O parlamentar reitera que a principal arma da oposição neste momento é mirar em JHC com situações que envolvem a indenização da empresa Braskem, no valor de R$ 2,6 bilhões; a compra do Hospital do Coração, no valor de R$ 266 milhões; e as ações que o MDB e os vereadores entraram contra a prefeitura tanto no Ministério Público Estadual (MPE) quanto no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“São situações que estão ocorrendo em Maceió, a exemplo da indenização paga pela Braskem, que está na conta do Município, caso você procure saber da sociedade, dos vereadores, a maioria não sabe como o prefeito está gastando esse recurso. Ou seja, é preciso estudar e cobrar. Infelizmente, foi necessário que a oposição levasse para o Ministério Público Estadual para cobrar do Município o acesso a documentos ao usar da Lei de Acesso à Informação para obter essa transparência com os recursos”, argumenta Kelmann Vieira.
À reportagem da Tribuna Independente, o vereador diz ainda que a mineradora Braskem tem desapropriado áreas enormes na região da tragédia – nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol –, e sem qualquer discussão com a população, bem como audiências públicas que precisam ser realizadas pela Câmara de Vereadores.
“Os recursos da Braskem que já estão na conta do Município precisam ser gastos com as indenizações das famílias que perderam tudo por conta da mineração nos bairros. Infelizmente, isso é responsabilidade desta empresa que ainda continua operando em nosso estado, em nossa capital”, reforça Kelmann Vieira.
Kelmann Vieira, que também já foi presidente da Câmara de Maceió, o reforço na oposição é um trabalho que precisa ser contínuo, pois já conta com nomes a exemplo do vereador Joãozinho (PSD) e Zé Márcio Filho (MDB), além da vereadora Teca Nelma (PSD), que adota uma postura independente, e cobra transparência na gestão do prefeito JHC.
Parlamentar destaca a prerrogativa das fiscalizações
No Legislativo, o vereador Joãozinho (PSD) ressalta que a oposição tende a seguir pressionado em temas referentes à Braskem, bem como à aquisição do Hospital do Coração.
“A principal atribuição do vereador é a de fiscalizador do Poder Executivo, então, se eu não estiver no mandato para fiscalizar, não há motivo para estar no mandato. E a compra do Hospital do Coração tem sido uma preocupação nossa, porque fomos barrados durante uma visita ao prédio e foi preciso abrir um boletim de ocorrência na delegacia para termos o direito de cumprir o nosso trabalho”, lembra o vereador.
Joãozinho afirma que dentro de um dos prédios do hospital, dos cinco andares, apenas três funcionam e o segundo prédio, que possui dez andares, tem o perfil de um prédio empresarial, com salas, e não de uma unidade de saúde.
“No primeiro prédio, uma parte funciona parcialmente e o restante está em obras. Eu percebi os trabalhadores da obra bem apressados, dando satisfação para a nossa equipe, garantindo que iria ser entregue logo. Que na outra semana estaria pronto. E quando fomos fiscalizar o outro prédio, a concepção de construção é de um empresarial, com salas, e todas estavam fechadas. Começamos da cobertura, no décimo, e descemos só até o oitavo, porque as salas estavam todas fechadas”, conta o parlamentar.
Joãozinho afirma ainda que a compra do Hospital do Coração foi realizada sem o conhecimento do secretário municipal de Saúde, Luiz Romero Farias.
“A informação que eu tive é que o secretário ficou sabendo na noite anterior à entrega do hospital e, quem conhece Luiz Romero sabe que ele é um médico sério, que atua há muitos anos na medicina e na área da saúde pública. Ele não participou da compra e acho isso uma atitude delegante da prefeitura”, opinou o vereador.
Por Thayanne Magalhães / Tribuna Independente