A guerra declarada entre os herdeiros do falecido usineiro João Lyra pelo espólio de R$ 4 bilhões, divide a high society alagoana
Claudio Bulgarelli
Brigas de família sempre ganharam dimensão nas colunas de fofocas. Com o advento das redes sociais passaram a fazer parte da vida das pessoas. E quando a briga envolve família e dinheiro, muito dinheiro divide a sociedade, os amigos e até os inimigos. Assim, nesse momento, na guerra declarada entre os herdeiros do falecido usineiro João Lyra, sobretudo, pelo espólio de meros 4 bilhões de reais, a high society alagoana, ou a alta sociedade, se divide entre os que apoiam Lourdinha Lyra, ex-vice prefeita de Maceió e inventariante da massa falida
e a irmã Thereza Collor, a musa do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, que resolveu assumir protagonismo, junto com os outros irmãos, em uma disputa fratricida pelo espólio do pai.
Embora o caso se arraste há quase dez anos, a guerra se acirrou em 2018, quando João Lyra, considerado incapaz, foi interditado por decisão judicial e, três anos depois, em agosto de 2021, aos 90 anos, faleceu vítima de complicações da Covid.
Filha mais velha, Lourdinha foi nomeada inventariante do espólio e, sem prestar contas como exigia a família, passou a tomar decisões que desagradaram a mãe, Solange Queiroz Ramiro da Costa, credora da massa falida em cerca de R$ 2,5 milhões, Thereza e seus irmãos Antônio, Ricardo e Guilherme, este reconhecido como parte no processo depois de insistir através de recursos no judiciário.
Claro que isso provocou racha no clã dos Lyra, onde os seis irmãos, filhos do ex-senador, ex-deputado e o parlamentar mais rico do Congresso, o usineiro pernambucano João Lyra, se envolveram numa ruidosa briga pela massa falida do Grupo Laginha Agropecuária S/A, cujo espólio é estimado em cerca de R$ 4 bilhões.
E dois anos após a morte do pai, Thereza resolveu abrir guerra declarada, acusando a irmã de lesar a família, de adotar má gestão da massa falida de usinas e prejudicar os herdeiros. Ela, aos 61 anos, que esteve no centro do conflito que terminou na maior tragédia familiar de Alagoas, o longo e doloroso processo de afastamento do ex-presidente, seu ex-cunhado, em 1992, com fissuras na vida política da República, agora foi empurrada para uma nova guerra como protagonista.
Em muitos escritórios de advocacia, que estão ganhando muito dinheiro com as decisões de Lourdinha, nos condomínios de alto luxo do Aldebaran e Laguna e nos luxuosos prédios da orla, onde a inventariante mantém sólidas amizades, a torcida é por ela. Thereza, que sumiu de Alagoas há muito tempo, mas mantém forte vínculo com o poder, aliada da mãe e dos irmãos, ganha na torcida popular e nos comentários não tão maldosos das redes sociais.
Thereza decidiu abrir um conflito nas entranhas da família, contestando as decisões da irmã mais velha, Lourdinha que, como inventariante da massa falida, em vez de concordar com a venda dos ativos para pagar as dívidas e distribuir a herança, como querem os irmãos, optou por parcerias que Thereza considera equivocadas e suspeitas, além de agir com autoritarismo, sem transparência e com uma série de ações que estariam deteriorando o patrimônio deixado pelo patriarca.
Thereza, que tem dado entrevista a um monte de veículos de comunicação, mais com medo de perder patrimônio do que defender patrimônio, afirmou recentemente que o caso todo é recheado de “procedimentos não usuais e estranhos em processo de falência”, a começar pela falta de transparência imposta pelo estilo autoritário adotado por Lourdinha que, assegura, não permitiu acesso a nada, vetando todas as tentativas dos irmãos de buscar informações sobre a contabilidade.
Para ela, com má gestão e uma série de decisões que, em vez de equacionar as dívidas — sobre as quais a Receita Federal é a maior credora, com R$ 1,5 milhão a receber —, e distribuir as sobras da massa falida aos herdeiros, adotou parcerias que alongam desnecessariamente as pendências financeiras.
Assim, ao que tudo indica, a guerra vai continuar dividindo a família e a sociedade alagoana, que como toda boa high society, torce pelos escândalos se prolongarem e pelo “quando pior melhor“.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Claudio Bulgarelli