Vereadores não se definem entre JHC e Renan
As divisões do MDB na Câmara Municipal de Maceió estão incomodando cada dia mais os caciques do partido. Em declaração à imprensa na última semana, o senador Renan Calheiros (MDB) sugeriu a saída dos parlamentares que permanecem na bancada do prefeito JHC (PL) na casa legislativa.
Atualmente, o vereador Galba Netto (MDB) ocupa a presidência da casa e está posicionado na situação, apoiando o prefeito. Já o vereador Chico Filho (MDB) é o líder do prefeito na Câmara.
À Tribuna, Chico evitou aprofundar o assunto e adiou a definição. “Isso a gente vai discutir na janela partidária. Não quero criar polêmica com o senador, eu o respeito muito. Mas agora é hora de trabalhar pelo povo de Maceió”. Galba, por sua vez, se recusou a falar.
A discórdia vem rondando o partido há algum tempo, com a rivalidade declarada entre Governo do Estado e Prefeitura de Maceió. Cada dia mais próximo da postura antibolsonarista, o grupo de Renan tem duras críticas ao legítimo representante do ex-presidente. No auge do processo eleitoral em 2022, JHC saiu do PSB e migrou para o PL, indo a Brasília demonstrar apoio.
À revelia desse embate, os vereadores ligados ao partido do Governador estarem tão alinhados com o gestor da capital tem chamado atenção de forma negativa.
No último mês, o MDB movimentou as estruturas com a chegada de Zé Márcio (MDB), que se filiou ao partido recentemente e foi convidado pelo próprio Renan e por Dr. Wanderley (MDB) para assumir a liderança do partido na casa. Ele chegou a falar sobre isso em entrevista à Tribuna no início de setembro. “O partido é oposição ao prefeito JHC, e o prefeito JHC é oposição ao Governo do Estado. Automaticamente esse freio de arrumação foi necessário para que o partido a partir de agora tomasse uma posição. As pessoas estavam cobrando, os eleitores estavam cobrando, queriam entender como o MDB é oposição ao prefeito e os vereadores estão do outro lado. Existe uma cobrança natural”.
Mas a proposta da liderança encontrou resistência nos correligionários emedebistas que preferiam Fernando Hollanda (MDB). Isso provocou o senador a cobrar definições e indicar até desfiliação. “Pode apoiar quem quiser, mas não no MDB. Não pode ficar com um pé cada canoa”, teria dito o senador.
Zé Marcio já disse que sua função no partido atualmente é focada em montar a chapa para as eleições de 2024. A definição desses parlamentares com mandato sobre ficar ou sair do MDB pode ser decisiva nessa construção. A janela partidária de 2024 ainda não tem data definida, já que depende do calendário eleitoral e esse ainda não foi estabelecido.
Começa sete meses antes da eleição e termina seis meses antes do dia da eleição do primeiro turno. Consolidada como uma saída para a troca de legenda, a janela é fruto de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que o mandato, nas eleições proporcionais, pertence ao partido e não ao candidato eleito.
Hoje são 8 vereadores do MDB na Câmara: Zé Márcio, Silvânia Barbosa, Olívia Tenório, Brivaldo Marques, Luciano Marinho, Galba Netto, Fernando Hollanda e Chico Filho.
Por Emanuelle Vanderlei/Colaboradora com Tribuna Independente