Arapiraca e Coité do Nóia lideram com 73% a produção de camarão em Alagoas
A criação de camarões em viveiros, a carcinicultura, tem crescido consideravelmente no Agreste de Alagoas, especialmente em Arapiraca. Somente em 2021, foram produzidos 1.477.400 quilos de camarão no Estado. Destes, 1.083.000 quilos saíram do Agreste, sendo 250 mil kg em Arapiraca.
Com o 2° Seminário de carcinicultura, que aconteceu em março em Arapiraca, houve um incremento sobre a expectativa previamente estabelecida.
Realizado pela Prefeitura de Arapiraca, que vem apostando nesse filão, o Seminário chegou em sua segunda edição com o tema: Conservar, Produzir, Conservar e Inovar com Sustentabilidade.
A expectativa é que, no decorrer deste ano, se repita o que aconteceu no ano passado, quando carcinicultores de diversas cidades da região estiveram ao lado de alunos dos cursos de zootécnica, engenharia de pesca, técnicos, professores e pesquisadores da área, trocando conhecimento e experiência, contribuindo assim com o avanço da carcinicultura no Agreste de Alagoas, aliado ao uso de tecnologias mais eficientes e ao uso consciente da água.
“Arapiraca já é destaque na produção de abacaxi e mandioca, mas a criação de camarão tem crescido a ponto de concorrer com culturas já consolidadas na cidade, o que é muito positivo, significa mais renda e receita para os produtores e para o município”, destacou o secretário Genivaldo Oliveira.
Com um fluxo de comercialização cada vez mais robusto, a perspectiva de crescimento da produção é de até 60% em relação a 2022.
Levantamento das contratações do Banco do Nordeste (BNB) voltadas à criação de camarões em viveiros, a carcinicultura, em Alagoas, aponta incremento de mais de três vezes nos financiamentos realizados de janeiro a maio desse ano, na comparação com o contratado em todo ano passado. O montante de crédito nos cinco primeiros meses do ano soma R$ 720 mil e se concentra do agreste alagoano, região que é referência para a atividade no Estado.
O superintendente estadual do BNB em Alagoas, Sidinei Reis, afirma que o aumento do crédito para a atividade acompanha o desenvolvimento do setor, principalmente no Agreste e, em especial, no município de Arapiraca. “Segundo a pesquisa de pecuária do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2021, Alagoas produziu mais de 1.477 toneladas de camarão, sendo que cerca de 1.000 toneladas foi oriunda do Agreste e 250 mil quilos em Arapiraca, o que mostra a importância da região para a carcinicultura local”, comenta.
De acordo com o gestor, os financiamentos destinados a custeio, que envolve a aquisição de ração, e os investimentos para utilização de energia solar no processo produtivo são os mais procurados e têm contribuído para redução dos custos e incremento da produtividade.
Desenvolvimento
Sidinei também destaca ações do BNB que vão além do crédito e que abrangem a mobilização de atores locais na busca de soluções para impulsionar a atividade, a exemplo de promoção de capacitação, divulgação de melhores práticas, parcerias, entre outras.
Segundo o agente de desenvolvimento do BNB, Claudevan Santos Silva, nos últimos anos notou-se um crescimento na atividade, tornando Arapiraca um polo de produção de camarão. “O cultivo acontece na bacia do rio Coruripe, principalmente nos municípios de Coité do Noia, Igaci, Arapiraca e Limoeiro de Anadia”.
O agente, que atua na unidade de Arapiraca, disse que a instituição tem incentivado a carcinicultura, com visita às propriedades produtoras, divulgação das linhas de crédito e articulação com associações, prefeituras locais, conselho municipal rural, entre outros órgãos voltados ao desenvolvimento sustentável.
Energia solar
Claudevan ressalta ainda a linha de crédito Pronaf Eco, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, que contempla projetos sustentáveis de agricultores familiares que visam à recuperação e conservação ambiental, incluindo a utilização de energias renováveis. “Na carcinicultura é utilizado um equipamento que faz a oxigenação da água, o aerador, e que precisa ficar sempre ligado. O uso de energia solar diminui bastante os custos envolvidos nesse processo”, esclarece.
Foi o caso do produtor de camarão Rosimário dos Santos, de Arapiraca, ele contratou com o BNB o financiamento, pelo Pronaf Eco, para geração de energia solar. Foram 38 placas fotovoltaicas contempladas no projeto, para um gerador com capacidade de até 30 kwp (quilowatt pico). Ele disse que, a partir da utilização da energia solar, conseguirá praticamente dobrar a produção atual, chegando a 12 toneladas por mês. “Sai mais barato, usamos mais o aerador e o camarão se desenvolve melhor e em curto espaço de tempo”, comemora.
Rosimário é presidente da Associação de Carcinicultores Familiares do Agreste Alagoano, que possui 115 associados. Ele enfatiza o papel do Banco do Nordeste no incentivo à atividade. “A parceria do BNB é de grande importância para o desenvolvimento da carcinicultura, uma atividade nova no agreste. O camarão hoje é a ‘bola da vez’, uma oportunidade de ter uma renda mais rápida e sustentável”, afirma.
Por Tribuna de Arapiraca