24 de novembro de 2024

Deputado Daniel Barbosa destaca importância das festas juninas para a economia das cidades nordestinas

Foto: Assessoria

As festas juninas são uma das maiores manifestações culturais populares do Nordeste. Para o deputado federal Daniel Barbosa (PP), o período incentiva a cultura e impulsiona a economia das cidades da região.

Em seu novo artigo, intitulado “O mês dos três santos populares”, o parlamentar arapiraquense fala sobre a importância do olhar mais atencioso para as comunidades, como é a proposta de Arapiraca durante todo o mês. Na Capital do Agreste alagoano, além dos grandes shows previstos para o final de junho, o município promove o maior arraial comunitário do país, levando as festas típicas para os bairros e povoados da zona rural.

Confira o texto na íntegra:

Chegou o mês de junho. O mês dos três santos, como o magistrado e acadêmico Humberto Gomes de Barros costumava chamar. Alagoano, Humberto estudou no Rio de Janeiro e se radicou em Brasília, sem jamais esquecer e frequentar as suas raízes do Alto do Camaragibe. Falecido em 2012, tinha alma de poeta nordestino e saudou as festas juninas em versos.

Chegou o mês de junho e com ele as festas juninas, quando são celebrados Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). Importados da Europa, onde celebravam a fertilidade da terra e as colheitas no solstício de verão, os festejos juninos de tornaram tradicionais comemorações brasileiras, propagando e reforçando as nossas identidades culturais.

Santo Antônio, São João e São Pedro são os santos mais populares de junho. Santo Antônio: casamenteiro e protetor dos pobres. São João: conhecido como santo festeiro, era a voz que clamava no deserto, comia gafanhotos e batizou Jesus. São Pedro: pescador, primeiro papa da Igreja católica, apóstolo de Jesus foi crucificado de cabeça para baixo.

Ao contrário do que parece, são festividades de origem pagã. Trazidas pelos portugueses no Século XVI, no Brasil foram influenciadas pelas culturas africanas e indígenas e têm no Nordeste as suas mais expressivas manifestações, embora aconteçam, com as respectivas particularidades, em todas as regiões do país. Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, trovador cearense, reverenciou a fogueira de São João como o encanto da gente do sertão.

As festas juninas são marcadas por muitas alegorias, como a gastronomia, as danças típicas, as brincadeiras, as roupas e a fogueira, que protege dos maus espíritos. A fogueira quadrada é dedicada a Santo Antônio, a redonda a São João e a triangular a São Pedro. A mesa é farta e a alegria é muita. Tem canjica, pamonha, curau, pé-de-moleque, tapioca e arroz doce. Tem quadrilha e tem forró. Tem “arraiá”. Tem pescaria, jogo de argola e jogo da lata, boca do palhaço, corrida do saco, cabo de guerra, dança das cadeiras.

A sanfona, o triângulo e a zabumba ditam os ritmos do forró. As famosas quadrilhas que vieram da França, onde eram executadas em quatro pares nos salões, aqui ganharam características rurais. Em Alagoas, vários municípios promovem festivais e concursos de quadrilhas juninas.

A Prefeitura de Arapiraca prestigia os sanfoneiros e o tradicional e sempre agradável forró de pé de serra com a reedição do projeto Cultura na Praça, que teve como precursor o Mestre Afrísio Acácio do Acordeon, o poeta-vaqueiro, falecido aos 72 anos por sequelas decorrentes da Covid-19. Na edição de 2023, o Cultura na Praça homenageia o Mestre Miguel Vieira, nascido em Palmeira dos Índios e que, nos seus mais de cinquenta anos de carreira divulgou, através da sua boa música, o Agreste de Alagoas e o nome da nossa cidade, onde mora desde criança.

Neste mês de junho de 2023, a Secretaria de Cultura, Lazer e Juventude de Arapiraca incentiva e realiza a 19ª edição do Concurso de Resgate às Tradições Juninas, com apresentações dos Arraiás Comunitários. Também foram selecionados artistas alagoanos, a exemplo de Vitória Rodrigues, Millane Hora, Geraldo Cardoso e Alves Correia, para apresentações no maior e mais popular São João do interior alagoano.

Considero importante estimular os talentos locais, sempre e em todos os setores da cultura, verificando as necessidades de investimentos e implementando políticas públicas de modo a orientar os gestores e parlamentares sobre as maneiras eficazes de aportar recursos destinados a projetos e atividades artísticas.

Quando falamos de forró, imediatamente vêm à lembrança nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Gennaro, Marinês, Carmélia Alves, entre outros. Porém, neste momento, faço especial referência a Hermeto Pascoal, nascido em Lagoa da Canoa, quando ainda era um simples povoado de Arapiraca, conforme registra o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Hermeto Pascoal se consolidou como um dos maiores músicos brasileiros. Premiado internacionalmente, em 2019 venceu o Grammy Latino com o álbum intitulado Hermeto Pascoal e sua Visão Original do Forró. No dia 19 de maio deste ano, aos 87 anos, o genial músico alagoano recebeu em Nova Iorque o título de Doutor Honoris Causa da Julliard School, o mais respeitado Conservatório de música e artes do mundo.

Além de promover felicidade, as festas juninas movimentam a economia. As celebrações geram emprego e renda em vários setores produtivos, com impactos no turismo, na culinária e nas artes. A previsão é que em 2023, com mais de 26 milhões de pessoas envolvidas nos festejos, sejam mobilizados cerca de R$ 6 bilhões, um acréscimo de 76% em relação a 2022. Nesse contexto, os vendedores ambulantes de Arapiraca (e não apenas eles), que possui um comércio de rua muito forte e de muita qualidade, terão seus negócios fortalecidos com o incremento do consumo.

Numa época estranha, onde parece prevalecer o ódio, a intriga e o egoísmo, sem contar os anos do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, as festas juninas ganham maior relevância. É essencial que as pessoas tenham espaço para a paz, a felicidade e a diversão e possam cantar e dançar ao som do forró e sob o brilho das estrelas. É fundamental que as famílias e os amigos se encontrem em volta de uma fogueira para celebrar a vida.

É tempo de praticar a solidariedade para vencer esse lamaçal que é o egoísmo. É tempo de proceder com amor ao próximo, como pregou São João Batista. É tempo de caminhar pelos valores verdadeiramente humanos, vivendo com bondade, respeito, humildade e cooperação. É tempo de hastear e manter hasteada a bandeira da paz e da felicidade.

Por Assessoria