Celebrações e suas funcionalidades

Na antiguidade, os povos viviam basicamente da agricultura. Sendo assim, o trabalho coletivo auxiliava o processo de plantar e colher para a sobrevivência dos membros da tribo. O comportamento colaborativo e solidário era essencial, já que as ferramentas de trabalho eram precárias.

Esse comportamento colaborativo, favoreceu com que os povos realizassem rituais e celebrações, especialmente em relação à natureza e seus ciclos. Esses rituais ocorriam tanto para pedir, como para agradecer aos deuses uma boa colheita.

A cultura é dinâmica e seleciona blocos de reforçamento, porque tem a ver com o comportamento de sobrevivência.

Neste sentido, há uma funcionalidade nos comportamentos ritualísticos e celebrativos das pessoas, que são reforçados pela comunidade grupal.

A importância dos rituais e celebrações para a vida do grupo trouxe muitos benefícios e, por isso, se mantiveram até os dias atuais.

2022 foi um ano de ensinamentos e muitos aprendizados, apesar de algumas incertezas diante de momentos difíceis, especificamente em relação à pandemia e aumento de casos de Covid. Constatamos a população voltando a ter   esperança com o surgimento das vacinas, a diminuição de óbitos, o que trouxe alívio e segurança junto à possibilidade concreta da superação de dias difíceis e à continuidade da vida. Com certeza, estamos vivenciando um momento histórico, o qual ficará registrado para as futuras gerações.

A celebração encoraja e fortalece a colaboração entre as pessoas, faz com que a esperança de dias melhores se mantenha. Aos poucos, a vida volta à sua normalidade, as pessoas voltam a realizar rituais de casamento, nascimento, confraternizações com trocas de presentes e celebrações com amigos e familiares no ano que se finda.

Portanto, a celebração é um ritual necessário para manter o grupo unido no embate para superar as dificuldades, junto com a perspectiva de uma continuidade da vida.

Os indígenas, ao participarem de momentos ritualísticos, celebram suas histórias e tradições. Além disso, grande parte dos rituais realizados, é classificado como ritos de passagem. Para eles, são os ritos de passagem, que marcam mudanças de um indivíduo ou de um grupo. 

Façamos como os indígenas. Nós sobreviventes, precisamos celebrar as mudanças ocorridas e a continuidade da vida, apesar da dor de perder muitas pessoas queridas, com uma certeza maior de 2023 ser um ano mais tranquilo e feliz.

A celebração possivelmente se dará de modo diferente, mas a sua funcionalidade é a mesma: garantir a existência do indivíduo, favorecendo a vida em grupo e a sobrevivência da espécie.

Nesse momento, os rituais celebrativos são importantes e servem como marcadores de uma mudança na situação que vivenciamos e que estamos superando.

Celebrar a própria existência!

Celebremos a vida!