Renan Calheiros e Lira “duelam” por espaços de poder
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), protagonizaram ontem (31), mais um episódio de confronto público. A polêmica teve início quando Renan foi excluído da composição da CPI dos Ataques Golpistas devido à pressão de Lira. Por meio de uma rede social, ambos seguiram os ataques.
Para a cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Santana, tanto Renan quanto Lira estão claramente intensificando as disputas eleitorais em 2024, bem como para 2026.
“O que a gente está vendo hoje, que é público nacionalmente, nada mais é do que a disputa de poder de dois grupos políticos poderosos de Alagoas. Um é o grupo de Renan Calheiros e o outro de Arthur Lira, e está totalmente claro que já estão nas disputas para 2024 e 2026. O que acontece é que essa disputa política acaba externalizando em outras esferas, como o que a gente viu em relação à publicação de Renan, com relação à sua ex-mulher. Então, isso abriu espaço para que Lira fizesse duas coisas: cutucar Renan Calheiros, para mostrar que ele tem força política nacionalmente e emparedar o governo federal. Então foram dois recados de uma vez só”, avalia.
O senador recorreu às redes sociais para criticar seu adversário, chamando-o de “caloteiro’’ e relembrando acusações de violência doméstica contra ele, que foram previamente rejeitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Esta não é a primeira briga pública de ambos neste ano.
Em seu perfil do Twitter, Renan escreveu: “Triste exemplo: Lira é caloteiro, costuma não pagar o que deve. Pior, desvia dinheiro público e bate em mulher – deu uma surra de 2h em Jullyene, a ex-esposa e mãe de seus filhos. Confesso que aprovou a lei maria da penha pensando em punir meliantes como ele.”
À Tribuna, Luciana Santana reforça que o senador Renan Calheiros pretende mostrar força porque é considerado um aliado importante do governo Lula, no entanto, a declaração de Calheiros nas redes sociais é considerada pela cientista política como um erro.
“Renan não vai parar porque quer mostrar que tem força política e que tem um aliado importante, que é o governo federal. Mas o momento atual do governo federal é de muita fragilidade, tanto que tem problemas na articulação política no Congresso. Então, houve um erro. Renan deu um tiro no pé por ter feito essas declarações nesse momento”.
Em outros bate-bocas pelas redes sociais, Renan chamou Lira de “tiranete” e o acusou de querer ‘’rasgar a Constituição’’, em meio a disputa entre Câmara e Senado pelo rito de tramitação das chamadas comissões mistas.
Por fim, a cientista política Luciana Santana destaca que o presidente da Câmara, Arthur Lira tende a se aproveitar de sua força política nacional para acirrar ainda mais a disputa nas eleições municipais, por exemplo.
“Hoje Arthur Lira está num espaço de poder muito importante como presidente da Câmara dos Deputados. Ele tem muita força política na agenda nacional, mas em Alagoas, a gente sabe que a história não é bem assim, tanto que a disputa está acirrada entre os dois grupos”.
Por Thayanne Magalhães com editoria de política e agências com Tribuna Independente